domingo, 12 de outubro de 2014

ANÁFORA: UMA NOVA CONSTITUIÇÃO COMO PRESENTE ÀS CRIANÇAS DO BRASIL



"Antes, eu não tinha esta voz incisiva e veloz, eu prendia a lentidão da dor, do desespero".
 Renã Leite Pontes
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Escrevo este depoimento-carta pensando na Lis, uma menina linda, melhor, vibrante e cheia de vida, que bem merece herdar um mundo melhor das gerações que a precederam. No caso, de nós.
Neste dia dedicado as crianças, bem que o Brasil e os brasileiros mereciam uma nova Constituição (re)elaborada com a participação inteligente dos diversos segmentos da sociedade Brasileira. Nossa Constituição é da época da máquina de escrever. Estamos na era virtual, da Quântica e da Cibernética.
Não há como avançarmos para o patamar de uma NOVA POLÍTICA com LEIS ULTRAPASSADAS, velhos políticos suas práticas políticas antiquadas. 
Penso que devemos trocar as heráldicas frases "avançar no Brasil" pelo “alavancar o Brasil” (de alavanca) ou “guindar o Brasil” (verbo guindar [puxar para cima com guindaste]). Tal mudança é possível através do fomento de uma política pública simples e fluída nos trilhos da meritocracia. Debalde para a maioria, “avançar” no Brasil, já é prática consagrada pelo ritual da cleptomania. O que tem mudado é apenas as mandíbulas  e os estômagos, mas a abrasão é sempre a mesma no combalido corpo do nosso pobre país retalhado.
Avançar na política deveria partir do aproveitamento dos talentos desperdiçados da JUVENTUDE BRASILEIRA (do talento musical, da força esportiva, da beleza e flexibilidade da dança, das inclinações criativas para a ciência, das vocações e inteligências tantíssimas, nos termos do pensador norte-americano Howard Gardner, o pai da Teoria das Inteligências Múltiplas); HOJE, INFELIZMENTE, ENTREGUE ao sacrifício de professores provisórios - sem direitos trabalhistas,  trabalhando o dobro e ganhando a metade. Vale ressaltar, que no campo da qualificação, segundo levantamento das Associações de Professores, há estado que não tem dez professores com qualificação de Mestrado nos quadros das suas Secretarias de Educação. Já na Finlândia, a Lei reza que o professor para trabalhar com crianças e jovens deve entrar no serviço público com qualificação em nível de doutorado.
Não tem como o Brasil suportar mais o prejuízo financeiro, moral e social que causam estas pessoas - sem um projeto pessoal de vida - eternamente agregadas ao serviço público, em secretarias e ministérios criados, muitas vezes, apenas para acomodá-las nos cargos comissionados.
Isto é uma vergonha, caso de polícia e crime de responsabilidade em cadeia, uma vez que, notadamente, a principal atribuição destes comissionados é defender ferozmente seu "PAR-TIDO" político e seus líderes culpáveis, propagando o “tratamento falso e bajulador dos gabinetes”. É exatamente neste tipo de reação que o político “infla o ego” perdendo completamente a noção de relação social e de Estado - este último, considerado por ele um bem relativizado à propriedade grupal ou familiar.
Alavancar a política é possível através da CLÁUSULA DIAMANTINA PROIBITIVA DA REELEIÇÃO. No Brasil, a reeleição  eterniza  a política brasileira como  uma "PROFISSÃO VAMPIRA" que passa vergonhosamente e inescrupulosamente de pai para filho, em prejuízo da Nação e suas localidades.
Avançar na política deveria ser pela redução da carga tributária que faz o brasileiro pagar 70 mil reais por um "carro pelado", sabendo que, convertido em automóvel,  o mesmo bem é vendido a quarenta por cento do preço em uma concessionária mexicana ou americana. O que dizer do preço da gasolina em Foz do Breu - Acre, que custa 5, 6 reais, dinheiro que será desviado lá na ponta pela corrupção da PETROBRAS?
A política brasileira avançada deveria servir para  proteger nossas crianças de serem instruídas, a exemplo, por um professor de Geografia que trabalha no Centro-Oeste brasileiro, mas que - devido aos baixos salários, espoliação bancária e arrocho inflacionário - não conhece o mar.
Vamos começar a igualdade no Brasil pela modificação do O art. 45 da Constituição Federal efetivando a redução do número de deputados federais - de 513 para apenas 81 cadeiras (o mesmo número de senadores que hoje temos). O exercício executivo e  parlamentar não pode continuar mais sendo profissão que aposenta.
Além das nossas CRIANÇAS, que bem merecem hoje um BOM DIA!... o que dizer da área da saúde atual, da segurança pessoal da pessoa comum, da economia do trabalhador, da qualidade de vida para os idosos no Brasil?... Vamos pensar no Brasil enquanto é tempo, partindo do bom exemplo, boa educação e solidez do sentimento de pertinência a nação brasileira... A juventude reclama por uma oportunidade e lugar ao sol.

Desejo um feliz 12 de outubro, com futuro, à Lis e demais crianças do Brasil.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

QUINARI 2























Entre dois morros Deus pôs incrustado
Pequeno vilarejo natalício
De paus a pique, todo empoeirado,
Diria o vulgo: para o mal propício!

Mas, ali foi o berço educativo
Dos que não dobram a espinha cervical;
Filhos dóceis; do afeto natural
Que engendrou cidadãos de idôneo crivo.

Estupro, droga, roubo, piriguetes.
Até me emancipar, é certo e vero,
Jamais ouvi falar estes verbetes.

Vimos nos livros a prometida terra.
Nossos heróis - exagerar não quero -
Domaram a honra que o trabalho encerra.



Por Renã do Quinari

domingo, 14 de setembro de 2014

A FIGUEIRA

Por Renã Leite Pontes
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Herdei a robusta figueira imponente
do meu bisavô num ranchinho vetusto
de barro batido, onde um dia, ao poente,
brotara da terra em forma de arbusto.

Alçara-se aos céus com seus galhos gigantes,
por cima das matas abrindo-se inteira
porém numa tarde de ventos uivantes
tombou serra abaixo a grande figueira.

Descendo ao terreiro batido que herdei:
montanha de pedras - que a fundo encontrei -
mantinha as raízes no raso da terra.

Igual... as pessoas egóicas, menores.
“Vistosas de casca”, porém sem valores,
serão vitimadas em sua própria “guerra”.


sábado, 13 de setembro de 2014


IMORTAL?
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Por Renã Leite Pontes
Do Livro “Diálogos Anversos”, 1990.

Tétis, a mãe de Aquiles, a quem quis
imortal, além do bem e do Hades,
tentando iludir certas verdades:
quem faz a guerra não será feliz!

Por que destes ao grego o cetro, a lança
sabendo que ele só matar sabia?
banhastes o guerreiro aquele dia,
de sorte e morte e triste aventurança.

Quem tomba de um só golpe em tenra idade,
em dura briga por mulher alheia,
decerto imortaliza a vaidade,

Sepulta os sonhos bons da puberdade.
por fincar alicerces em chão de areia;
merecerá não mais que piedade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

FALECE NATHAN DE CASTRO AOS 60 ANOS

* 23.01.1954
  † 09.09.2014 



REVERÊNCIA AO ESTRO NATHAN DE CASTRO
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Por Renã Leite Pontes

Parte Nathan, o Vate, de acidente
no nove do mês nove, quem diria,
um fim tão breve a  um jovem tão prudente
e dedicado a casta poesia.

Vendo a palavra lusa empobrecida,
o sol negou-se a iluminar as ruas,
o termo lida não rimou com vida,
como evidência das verdades cruas.

Todos vamos - na safra e tempo certo -
mesmo o Estro Nathan, um experto,
foi aguardar-nos bem fronte a aquarela.

Poeta quando morre vira um verso
da poesia viva do universo:
poeta quando morre vira estrela.



Jacó e Raquel

SETE ANOS DE PASTOR 
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Por Renã Leite Pontes
Paráfrase de soneto de Camões

Sete anos de pastor Jacó servia
qual filho dedicado de Abraão;
querendo a bela filha da sua tia
e, por amar Raquel, não disse: não!

Dois, sete anos, passou, chegou o dia.
Jacó foi ver Raquel e, ao recebê-la,
de pronto percebeu, não era ela
que o pai, fazendo logro, não daria.

Mas como o bom pastor bom filho fora
de Isaque, o Grande, com uma pastora
caiu do céu a ajuda merecida.

Conforme Deus nos outros sete anos
não houve margem para mais enganos:
quem não sofre no amor não goza a vida.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

TRIBUTO A FÊNIX RENASCIDA


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Por Renã Leite Pontes

Belíssima avezinha alma-do-prado.
muitos poemas por ti sepultei
no campo da esperança do empregado
tripudiado por um falso rei.

Por nosso amor a Deus e a boa Lei,
com sacrifícios ante a covardia,
pelas virtudes eu nos condenei
à pena capital naquele dia.

Mas, fênix das cinzas renascida,
depois que foste de morte ferida
e em cinzas de carbono transmutada

Soubeste do tributo que o favor
reclama... um voto em desagravo à dor
da ferida na calma da escalada.




O SUSTO
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 Por Renã Leite Pontes

Eu gostaria de dar ao público uma poesia realística e bonita...
Nos primórdios da vida, eu cria que os poemas vinham das montanhas:
As vozes dos ventos furiosos que desciam das Cordilheiras dos Andes duelando em dias de tempestade,
O primeiro poema humano que avistei foi de Augusto.
Quem sabe devido ao susto que tomei quando li seus versos pela primeira vez,
Tornei-me um poeta:
Ele dizia que era uma sombra, igual a mim, que vinha de outras eras, que nem eu,
Do cosmopolitismo das moneras e que era um verme, do jeitinho que eu me sentia:
Um vírus em um planeta de luxo!
O fato é que, pelo poema - sem saber como - desejei ardentemente deixar de ser verme.
Foi aí que me dei conta de que a poesia transforma vidas.
Muitos anos se passaram. Represei poesia, mas escrevi poemas que viraram livros.
Até que conheci Terezinka Pereira, uma brasileira que mora bem longe:
Mostrou-me, um copo de vidro translúcido, em forma de poema,
Meio de água cristalina, em forma de letras. Pura poesia realística e transparente,
Imaculada e a salvo do alcance da corrupção da forma e do estilo.
Seu vaso-poema traduziu-me a maldade da guerra e a sede da paz; a necessidade da esperança e o desejo do belo.
Eu não sabia que era possível escrever assim com tamanha realidade
Para mim, a poesia servia para negar a realidade e não para retratá-la:
Meu poema, querida, é meu ópio à vida...
E o segundo susto tomei depois que me assustou o Augusto.
Eu pensava, também, que a poesia só assustava a gente, uma vez.






sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O ABSURDO POÉTICO DE RENÃ LEITE PONTES, IWA



Análise sob olhar da apreciação científica do livro acreano "Diálogos (An) Versos" do poeta Renã Leite Pontes.

International Writers and Artists Association - IWA

Por Terezinka Pereira, Pres, Toledo, OH - USA
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A imaginação mais do que tudo define para o leitor a poesia e a prosa do escritor do Acre Renã Leite Pontes. Desde o título do seu livro “Diálogos (An) Versos*” a ilustração da capa feita por Esdon Pergentino e Jorge Rivasplata, estamos diante de uma obra original ao próprio pé da palavra. Embora pareça tudo absurdo, tudo é muito significativo.
Os versos (seriam versos?) que abrem o livro dizem:

Dizem que a poesia
é barco furado ,
mas o poeta
quando tem uma fada,
vive de nada,
atravessa a nado.
(Recorte da poesia “Ainda que Seja Tarde” de Renã Leite Pontes)

Esse “Dizem” propõe autor anônimo para não aparentar autoridade, mas a rima bem controlada é a marca do poeta, que se disfarça por modéstia.  Eu conhecia uma citação ao contrário desta, e que me parece mais respeitosa para com a poesia. É a da Ilma Fontes, editora de O CAPITAL, que diz: “A poesia é o pau que boia quando a razão naufraga “. Isto é mais favorável à poesia.
Um dos textos mais destacáveis desse livro é o intitulado “A Morte do Poeta”, dedicado “às mães, cujos ouvidos não têm ouvido poesia...”. É a história de um poeta que na hora de morrer recitou uns versos para a sua mãe morta. O narrador, que assistia isso, ao ver a morte já pronta para agarrar mais uma vítima, confessa:

Na ocasião, atônito, fiquei pensando: - a desapiedada está achando que estas moribundas palavras de ode e anseio poético são dirigidas para ela... (p. 213).

A figura da morte de maneira tradicional, com a sua “enorme ferramenta” mortífera , parando para ouvir os versos é muito poderosa, causando emoção em qualquer leitor. O narrador, por sua vez se propõe a criticar a estrutura do poema que recita o poeta moribundo, termina por considerá-lo “belíssimo”. E o final do conto, outra surpresa: o poeta morreu voluntariamente, antes que a morte o matasse!
O absurdo compartilha bem seus pontos com a imaginação , que na maior parte das vezes domina o espírito criador da prosa de ficção e da poesia. O autor de “Diálogos (An) Versos” não desmente isso. Em sua criação literária o delírio ultrapassa toda a razão.
Entretanto há algumas tentativas de realidade, como em outro texto intitulado “Só Deus Contabiliza”, também sobre a morte , que começa com este comentário:

São gravíssimas as piedades macabras das pessoas , para com quem lhes deu a vida e agora já estão nas últimas voltas do “caracol da existência”...

E poucas linhas abaixo explica a razão desse comentário:

Quando os pais estão velhos, quase todos os filhos ficam pedindo a Deu (baixinho e em pensamentos) para que seus pais morram logo e parem de dar trabalho. Pasmem! (p. 147).

Embora a rima na poesia provoque ainda mais o absurdo que o explique, vamos encontrar nos versos do poema “Vai!” um pouco de explicação do ser do poeta , de sua personalidade e até certo ponto de sua obsessão pela morte.

Se queres me encontrar
Não me procures
Onde haja aglomerações

Antes, busca-me onde haja dores
E contumazes dilacerações.

Se te chegar a hora fatigada
E tomes-me por louco ou absorto.
Deixa-me! Sorrir não mais pretendo!

Porque depois daquela madrugada,
Em cada pai que existe eu vejo um morto.
Uma sombra que ri e vai... morrendo.
(p. 71)

Deve ser por isso que o escrito colombiano Gabriel García Márquez dizia: “Cedo ou tarde, a realidade termina por dar a razão à imaginação.” Mas a estrutura formal dos versos de Renã Leite Pontes, mostra que ele tem a predileção pela poesia metrificada, imitando a clássica. Ele declara na orelha do livro: “Eu nasci estudante porque sempre gostei dos livros... e admiro o conhecimento (...) escrevi a coletânea de poemas e prosa poética que constam neste livro, que é fruto da dedicação que tenho dispensado à literatura e a Poesia.”.






*Pontes, Renã Leite: Diálogos (An) Versos. Belém: Paka-Tatu Editora, 2010.

domingo, 3 de agosto de 2014

RENÃ LEITE PONTES, IWA


 International Writers and Artists Association -
IWA, Toledo, Ohio, USA
  
A Associação Internacional de Escritores e Artistas (IWA) é a mais importante e abrangente Academia de Letras e Artes do Mundo. Sua sede radica em Toledo, Estado de Ohio, nos Estados Unidos. O poeta acreano Renã Leite Pontes é um dos seus membros. Compõem a associação diversos membros ilustres, desde Príncipes, Presidentes de nações, ganhadores dos Prêmios Nobel de Literatura e Paz, grandes Escritores, Artistas, Editores e Colecionadores de Arte, além de Ativistas culturais. A Diretoria da entidade é composta por autoridades e pessoas de prestígio de diversos países como Rússia, Cuba, Estados Unidos, Turquia, Tunísia, Argélia, Coréia, Japão. A entidade é também representada na UNESCO. Entre as atividades da IWA estão as indicações para o Prêmio de Ativista da Fundação Gleitsman, indicação e votação para o Prêmio Nobel de Paz e de Literatura. A IWA apoia a liberdade de expressão e os direitos e liberdades expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem para todos os povos.


A IWA tem muitos membros notáveis como o Marquês K. Vella Haber, SOSJ Gran Prior Internacional e Chefe do Executivo do Conselho Supremo da Sob. Ordem de São João de Jerusalém (Malta); Príncipe Waldemar Baroni Santos (Brasil); Don Ciro Punzo, Príncipe da Cnosso e Manzartille (Itália); Viktor Busa, o Presidente dos Estados/Parlamento Internacional para Segurança e Paz; Príncipe Dom Duarte Nuno Joäo Pio de Orleäes e Bragança, de Portugal; Príncipe Giuseppe Benvenuto  Agatino Raddino de Gevaudan de la Casa Real di Horistal y de las Valadas Occitanas (Itália); Dr. Denis Kelleher Muhilly, presidente da Universidade Internacional Americana; Dr. Fernando Henrique Cardoso, Presidente do Brasil (1994-2002); Frei Betto (Brasil); Dr. Aécio Neves (governador de Minas Gerais, Brasil), Fidel Castro Ruiz (Cuba) e escritores famosos como Eduardo Galeano (Uruguai ); Ernesto Sabato (Argentina); Noam Chomsky (EUA); Fernando Alegria (Chile); Rigoberta Menchú (Prêmio Nobel da Paz em 92, Guatemala); Hedi Bouraoui, Tunisia; Ejaz Rahim, Pakistan; Elaine Sommersrich, EUA; Elena Poniatowska, México; Cdlia Lamounier de Araújo, Brasil; Celso Furtado, Brasil; Cöcile Nguyen, Vietnam; Armando Rojo León, Marrocos; Frank Mackay Amim-Appiah, Gana; Fröddric Maire, França; Frederico Ningi, Angola, etc .
Entre os imortais: Marcel Marceau (França), Carlos Drummond de Andrade (Brasil), Alberto Moravia, (Itália), Ella Fitzgerald (EUA), Eugene Ionesco (Roménia), Jorge Guillon e Francisco Garcia Pavón ( Espanha), Juan Carlos Onetti Maria, Augusto Roa Bastos (Paraguai); Juan Rulfo (México), Julio Cortázar e Manuel Puig (Argentina), Maguerite Duras (França), Melina Mercouri (Grécia) e muitos outros membros que perfazem cerca de 1.350 associados em 125 países, nos cinco continentes do Mundo.


A IWA foi fundada em 1978 e apoia os direitos e liberdades na Declaração Universal dos Direitos Humanos para todas as pessoas, em todos os lugares. Sob a Presidência da brasileira Teresinka Pereira, valoriza a compreensão e o respeito a todas as culturas e tradições étnicas, assim como a liberdade de expressão e diversidade, dentro dos ditames da motivação para um mundo justo. A IWA também reforça a rejeição ao racismo, o sexismo, o tribalismo e o preconceito de idade. Na sua Revista “Fraternity”, promove o intercâmbio internacional da poesia, literatura e divulgação das ideias de reforço ao amor fraternal e o desprezo às guerras (e seus promotores), por qualquer motivo.










quinta-feira, 17 de julho de 2014

A LENDA DA PAXIÚBA: VERSÃO APÓCRIFA

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Por Renã Leite Pontes



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Por Renã Leite Correa Pontes

Há não muitas luas, após submeter-se a ritual de combate, tornara-se guerreiro-emplumado e saiu em missão:
Vigiar a fronteira do Norte, ameaçada pelos “peles de pano”.
Foram dias e noites de fome, frio, privações e agruras.
Durante uma incursão do inimigo, na defesa, foi transpassado na virilha, mas escapou com vida e trouxe aos anciões da tribo, preciosas informações, que em muito serviram para resguardar a soberania da comunidade. Os anciões da tribo, aos costumes, responderam magnanimamente. Na ausência de um sistema de saúde pública, liberaram, do tesouro comunitário, dez arcos para cobrir as despesas do tratamento.
O que o guerreiro, forçosamente chegado de missão, não sabia, era que, na sua ausência, na calada da noite, a “assembleia de pretextos” decidira, por escrutínio secreto, ceder à “oligarquia dos apuís” o monopólio dos rituais dos xamãs e, ainda, as patentes da manipulação de toda a biodiversidade da floresta, além de deslocar para, bem longe, o hospital homeopático:
- Agora, também, doente nenhum tem mais direito a acompanhante!
Na busca do socorro, alheio aos perigos do caminho, o jovem ferido percorreu desacompanhado a distância que conduzia ao hospital dos espíritos benzedores das ervas, sem compreender, ainda, a plenitude do significado da intermediação da milenar cultura guardada pelos pajés.
Na entrada daquele local sagrado, era obrigatória a pronúncia de certas palavras místicas, além da realização de algumas misuras[1], aos olhos leigos, para ser atendido.
Cumprido o ritual, o caminhante foi atendido na triagem, por um sujeito cujo comportamento mais se assemelhava ao de um “encarregado de barracão”, vestido de “auxiliar de curandeiro” - o chefe da assistência social, que acumulava também as funções do setor de tesouraria.
- Foi há dois dias...
- E o pagamento?
- Para o pagamento, eu trago dez arcos do tesouro dos anciãos, para trocar pelo chá encarnado.
- Deixe-me ver, então, o ferimento.
- Hummm, ai.
- Não é ferimento de morte para um corpo forte como o seu. Isto cura com chá de unha de gato mesmo, tomado por dez dias... Mas, você só trouxe dez arcos. Por este material, só posso lhe fornecer chá para cinco dias.
-Mas, o certo não é eu tomar os dez dias? Eu preciso me curar porque o meu posto está abandonado, meu trabalho espera por mim.
- Veja só, meu bom rapaz, como está se processando o atendimento aqui agora. Por dois arcos, aqui, damos chá para um dia. Você trouxe dez arcos. Faça as contas e verá como estou no justo.
Mas....
- Vamos fazer o seguinte, você volta e vai falar com os colarinhos-brancos, diz que necessita de mais dez arcos e conta a sua história. Você é um guerreiro valoroso, comprometido, tem serviço prestado e valores para penhorar. Você sabe como fazer.
- Ah, não, eu não vou entrar nestes esquemas. O meu avó dizia: “Dê a morte a um homem para continuar homem.”. Estas pessoas nos dão as coisas, mas, em compensação, cobram, de volta, a nossa consciência. Eu sei que estes privilégios individuais prejudicam a tribo  e produzem a fome de uns, em detrimento da fartura de poucos, além de ser a causa da pobreza e sofrimento do nosso povo. Eu posso morrer muito feliz sem precisar passar por estas humilhações.
- A franqueza do jovem irritou o funcionário, porque soou como uma crítica ao canibalismo das raposas, dita diretamente à chefa do covil.
O interlocutor, então, pigarreou e retrucou
- Ah, então o jeito é você tomar só por cinco dias. O resto seu corpo reage. Mas, o que te custa mesmo ir lá?
- Não, definitivamente, eu não vou cometer nenhum ato contra a minha consciência, nem o meu sentido de decoro moral.
- Então, não é por má vontade, meu rapaz, mas assim você me deixa sem alternativa. Você entende? São as novas regras...
E, se eu te entregar também o meu arco e meus “cestus”? É tudo o que tenho. Este arco é espólio de guerra. Pertenceu a um antigo chefe tucandeira e tem um valor simbólico em meio a nossos bravos.
Bem, com o arco e os “cestus”, eu poderia te dar sete dozes e meia.
Argumentou o paciente:
- Olha, onze arcos não são pouca coisa, considerando que os curumins da nova geração, não mais têm demonstrado interesse na arte de fazer arcos. Nós estamos sob ataques constantes, nos quais, com frequência, perdemos armas e vidas. A cada dia está mais difícil a nossa defesa.
- Sabe, meu bom rapaz, eu compreendo sua necessidade e reconheço o seu valor e dedicação. E, para provar o interesse desta casa na cura da ferida de um dos nossos benfeitores, te dou oito dozes, mas a associação fica com todos os implementos que você carrega consigo. Estamos implementando um importante trabalho de resgate da nossa reputação institucional e, não queremos que nossos beneficiários saiam daqui pensando que não fazemos o máximo para prestarmos um bom serviço. Sei que me entende.
Foi aí, então, que a impaciência do jovem guerreiro aflorou, motivada, quem sabe, pelo estresse do ferimento
- Sabe, desde que cheguei aqui hoje, tenho percebido que o senhor não tem demonstrado nenhuma preocupação com a minha cura, mas apenas em lucrar com a minha doença. Olha, esta instituição não está me prestando nenhum favor, além das suas obrigações. Reconheça que fui ferido em combate para proteger nossa tribo: isso inclui o senhor, sua família e até esta instituição comercial que o senhor chama de “casa”.
Quando o jovem guerreiro pronunciou as últimas palavras, por tratar-se de uma tremenda verdade, o ânimo do ajudante de curandeiro atingiu a estratosfera.
- Bem, nestes termos, vou lhe dizer também a minha opinião a respeito das suas reclamações. A sua relação com os anciãos da tribo... Você tem que entender que aqueles velhos atiram com a flecha dos outros, têm palavra de político. Eu admiro a sua sinceridade, mas, na verdade, penso que você não passa de um megalomaníaco. Não é por sua falta que deixaremos de estar protegidos. Ademais, aqui, nós reconhecemos você é como um crítico acerbo dos costumes desta casa. Reconheça, também, que você não passa de um número fácil pode se reproduzir.
Novamente ferido, desta vez, na alma, sentindo-se acuado. Nem os dezessete idiomas que falava, com fluência, foram capazes de fornecer, ao índio, uma simples palavra que fosse. O sofrido guerreiro, aspirando a cura, entregou àquele comerciante vestido de curandeiro, em troca da possibilidade de cura, a materialidade e o impulso da sua defesa.
No longínquo retorno à taba, por falha do serviço de contraespionagem, os implementos ora penhorados fizeram  falta na defesa. Ferido, cansado e com sede, o guerreiro solitário tornou-se presa fácil dos “pés de couro”.
Por ser ingrediente valioso e exportável, arrebataram-lhe o chá.
Com movimentos pesados e descoordenados, o guerreiro defendeu-se com as últimas forças: pulou, ainda correu, e bateu, e matou, se trepou,  mas  caiu, foi ferido e agravou a ferida, e verteu o restante da vida.
Por fim, subjugado, retesado, entregou seu alento a Tupã.
Passadas três luas, os queridos de Ágrafo vieram caçá-lo. Ao encontrá-lo, colheram-lhe o corpo e o plantaram, a sete palmos, em local transmontano, aos costumes, depois da floresta da grande gameleira, na margem de lá do rio, a casa de Tupã...
A história, em detalhes, foi registrada em notas musicais, no Akasha[2]. Quando os biógrafos concluíram o registro, Tupã o leu e chorou... Em seguida, ficou aborrecido e, além de vingar a injustiça e a morte do guerreiro, limpou-lhe o nome, levou-lhe a honra e fez brotar da sua tumba, a palmeira conhecida pelo nome de paxiúba. A planta logo passou a servir para tudo: habitação, flechas... era imponente, rija, hidrófila e resistente as intempéries da seca. Tupã também a fez fértil e reproduziu-lhe as milhares pela floresta.

E, assim, um nome foi lembrado, a história foi contada e recontada aos curumins das tribos, e com a ajuda do alto, o jovem guerreiro seguiu, através da natureza,  protegendo e servindo o seu povo.

[1] Gestos desajeitados e cômicos, palhaçada (N. do A.).
[2] Palavra sânscrita que significa "céu", "espaço" ou "éter" (N do A.).
Foto: Este escriba e meu ex-aluno Alan Alves, descendente das nações Huni Kui e Apurinã, sujeito especulativo, inteligente e estudioso.

domingo, 6 de julho de 2014

O PRIMEIRO HOMEM A PISAR NO SOLO BRASILEIRO CAMINHOU NO ACRE

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       Renã Leite Pontes*

Habita na natureza humana um justificável sentimento de altivez que inspira o poeta a exultar, com zelo sacerdotal, sua gente e sua “aldeia”. Mas no nosso singularíssimo caso, admirando o fulgor da nossa História, o que fazemos aqui é asseverar o óbvio: que o povo acreano tem motivos sobejos para se orgulhar dos seus ancestrais e dos hercúleos esforços que despenderam para que hoje pudéssemos ser brasileiros. Na tentativa de alimentar o clarão do enunciado, nos serviremos, inicialmente, de pesquisas realizadas por um grupo de antropólogos espanhóis e islandeses, em consórcio com a famosa empresa Code Genetics e publicadas originalmente em 2010, no The Official Journal of the American Association of Physical Anthropologists, a partir de exaustiva investigação e análise de rastros de DNA mitocondrial encontrado nas Américas.


Com fundamento nos citados vestígios, os estudiosos encontraram indícios de que o primeiro homem a pisar no solo brasileiro, por nossas palavras, caminhou incialmente no Acre, há uns 30 mil anos, buscando novas terras e fugindo, possivelmente, das intempéries de uma possível era glacial.  Provavelmente, essa história começou na África, quando o homem africano atravessou o Mar Mediterrâneo e se uniu - por instinto de preservação - ao homem europeu, russo e chinês, em caravana com destino a Sibéria (Ásia) e, a partir do Cabo Dezhnev (ponto extremo oriental do Continente Asiático), em grupo, atravessaram os 85 km do estreito de Béring até chegarem ao Cabo Prince of Wales (ponto extremo ocidental do continente americano, no Alaska, América do Norte). Dali a incursão continuou sua rota buscando novas terras, tomando a direção Sul, rumo a América Central, unindo, no caminho, suas raças e culturas às dos povos anahuac, incas, maias, astecas, toltecas, dentre outros.
Mais além, na trajetória da caravana, provavelmente, quando aquela mescla de povos alcançou a região setentrional da Cordilheira dos Andes, por afinidade cultural e linguística, alguns grupos seguiram em direção ao território do atual Chile; outros rumaram para as terras onde hoje é o Acre, deixando, no caminho, importante vestígio idiomático, médico, arquitetônico e demais traços da sua mescla cultural e genética com as civilizações autóctones - desta vez - da América do Sul. Só então, decorrido um tempo para adaptação e reconhecimento da “Terra dos Grandes Geoglifos”, o Acre, é que a miscigenação descendente daqueles povos alcançou à região central do Brasil e, mais posteriormente, ao extremo Leste do “Florão da América”, na plenitude dos seus 7,367 km de orla marítima.   
Apenas por justiça e referência a exuberância das nossas raízes antropológicas, - longe de querermos diminuir a história dos demais estados brasileiros, nem confeitar nossa torta com a cereja dos outros - apenas ilustramos aqui, mais um contraste que dá grandeza a nossa História; a exemplo, o gaúcho fez a sua famosa Guerra dos Farrapos (1835-1845), movimento que não foi popular, nem de esfarrapados, mas de grandes fazendeiros que queriam diminuir o poder imperial, aumentando a autonomia provincial, pagando menos impostos, principalmente sobre o charque - à época, o produto principal da economia guasca.
Conforme exemplificamos, salta à claridade da História do Brasil o fato de que importantes estados da federação fizeram revoluções visando justos ou injustos interesses locais. Interesses que, de algum modo, colocaram em risco a unidade nacional. O Estado do Acre, não! O caso do Acre é diferente porque os acreanos fizeram quatro anos de revolução para agregar ao Brasil o território que hoje é o Acre (uma área estrangeira e inóspita - cinco vezes o tamanho da Bélgica), enfrentando e afrontando, no devido tempo - com armas em punho - o isolamento, a fome, a Bolívia, o Peru e ao próprio Brasil. Isso porque em julho de 1899, o Brasil interveio no conflito do primeiro período da Revolução Acreana e, além de não apoiar os revolucionários acreanos sequiosos pelo status de brasilidade, ainda reconheceu a região do Acre como território boliviano, enviando tropas brasileiras para dissolver aquela etapa da Revolução, inclusive prendendo e deportando a Luiz Gálvez Rodríguez de Arias - líder maior daquela fase da revolução e da República Independente do Acre. Tamanha foi a decepção que o Imperador se entregou pacificamente, sem armas, porque não queria guerrear contra brasileiros.
Conforme vimos, por sua Antropologia e legado histórico valente, o Acre é uma terra valorosa. O acreano que aqui ficou é, acima de tudo, um bravo sobrevivente. Por isso, este artigo enaltece o Acre e sua gente que, apesar dos tropeços de ontem e os de hoje não recua e não cai, avançando, cotidianamente, sem temor, na peleja pela sobrevivência, nestas terras esplêndidas que, parafraseando Galeano, poderia dar a todos, o que a quase todos nega.



* Renã Leite Pontes - Psicopedagogo, Escritor e Poeta; Membro Vitalício da International Writers end Artists Association – IWA, Toledo, Ohio, USA; Membro Honorário do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais – IMBRASCI, RJ; Membro Fundador da Academia dos Poetas Acreanos; Professor de Educação Física, no Acre.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

SUA ALTEZA, O PROFESSOR


 Por Renã Leite Pontes*
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Algumas décadas atrás, a palavra “professor” era um tratamento de distinção, quase uma honraria. Exercer o ofício de ensinar garantia status e respeito da comunidade. É provável que a sociedade da época entendesse melhor do que hoje o papel dos educadores como construtores do futuro. Há muito que os professores brasileiros, porém, não contam nem sequer com uma pálida sombra do prestígio e do valor social que lhes foi atribuído no passado – ainda que a atualidade costume ser chamada de “era do conhecimento”.

Sabemos que o mundo mudou desde a queda do muro de Berlim, quando mudanças profundas ocorreram na ordem econômica, ambiental, política, social e cultural da humanidade. Essas mudanças influenciaram, significativamente, a dinâmica das relações interpessoais, intergrupais e de trabalho das pessoas, em todos os continentes.
Ademais, com o advento da globalização, a popularidade da internet e das redes sociais, a distância entre as pessoas, os países e os continentes diminuiu do ponto de vista da comunicação. Uma mensagem simultânea de e-mail, por exemplo, viaja do Brasil aos recantos do mundo que ficou uma aldeia, fenômeno que surpreende nossos progenitores, que guardam na memória o correio de selos, a única opção de correspondência à longa distância de outrora.
Todavia, as profissões e os ofícios não evoluíram à proporção exigida por este século XXI. Enquanto máquinas substituem seres humanos, jovens e adultos ficam sem trabalho, num alto índice de desemprego que atinge as sociedades em todo o mundo. Aqui no Brasil ele adentrou nas nossas fronteiras, encontrando o terreno da espoliação previamente preparado pela ala antinacionalista do Congresso Nacional - que pouco se importa com os consecutivos prejuízos brasileiros decorrentes da não reciprocidade nas concessões e negociações internacionais.
Navegantes deste novo oceano de necessidades básicas, a juventude estudantil brasileira, aporta suas esperanças nas lições do professor – um labor de aparente e enganadora neutralidade política, porque - em muitos casos - o profissional do magistério representa para alunos de núcleos familiares desajustados a única oportunidade de convivência em um ambiente permeado pela Ética, Dialógica e inteligência. Principalmente pelas razões elencadas, o labor do profissional responsável pela formação de todos os demais, sobrevive do modo como era realizado no tempo dos nossos pais e avós, talvez porque o estado não tenha interesse em aparelhar os professores para pautarem suas aulas acorde às novas tendências pedagógicas que balizam a educação moderna, ou quem sabe, porque o magistério trabalha doente das mazelas que acometem a categoria quando chega à pós-formação, a saber: a injustiça dos contratos temporários e o perigo da terceirização do trabalho docente surgido com o advento do compartilhamento das tele-aulas ministradas por “professores supergênios”.
Revestido de grande responsabilidade moral, desempenhando-se mal ou bem em uma profissão que, de maneira nenhuma, recomendaria aos  filhos, o professor de hoje convive, cotidianamente, com a frustração de não ter retorno garantido do seu labor pedagógico e demais esforços despendidos para a sua formação. É possível que a desvalorização financeira (acompanhada da alta dos preços) seja o principal problema que aflige o magistério nacional, seguido, muito de perto, das reclamações no campo das relações interpessoais, entenda-se: reprodução do desrespeito para com os mestres (e até violência) por parte dos componentes da comunidade escolar, principalmente alunos e até vizinhos da escola.
Olhando por outro prisma, tendo-se a possibilidade de compreender nossa problemática educacional pela lógica do alunado, entenderemos os motivos que levaram a juventude escolar de hoje ao traço psicológico que chamamos de perda da docilidade, que são: o medo do não ingresso na universidade; muita informação em um arcabouço moral confuso; testemunho do mau exemplo dos poderes constituídos, em todas as esferas; e, por fim, a baixa-estima ocasionada, também, pelo medo (futuro – um sofrimento por antecipação) de não conseguir inserção e adaptação no mercado lucrativo, uma vez que - os alunos sabem - os postos de trabalho mais importantes da sociedade são, em prevalecendo a meritocracia, ocupados por adultos que, outrora, foram alunos brilhantes.
Parece que a esta altura da precariedade educacional brasileira, definitivamente não é importante buscar culpados nos degraus mais baixos da escada porque, nas últimas décadas, revezaram-se no mando brasileiro diversas pessoas “idealistas”. Todas elas subiram ao poder prometendo tempestades de educação no Brasil. E o que se avista na prática é o Brasil seguir se comportando de forma infiel às reais necessidades dos brasileiros. Não deu um passo além do simples discurso futurista que pede aos trabalhadores mais um pouco de paciência porque a criatividade brasileira nos ajudará beatificando o costume antiético de botar chumbo nos ombros dos outros. Seu melhor argumento (notadamente pleonástico e tautológico) para explicar a desvalorização do professor, esclarece  que a remuneração digna do professor - enquanto primeiro passo para alavancar a educação nacional - é assunto simplesmente complexo, uma vez que valorizar, com bons salários, os profissionais do magistério, representaria impacto significativo nas “folhas de pagamentos”, porque o Brasil é pobre, ou que o trabalho do professor é um tipo de riqueza complicada para dar retorno em cinquenta anos, algo  assim como um pré-sal, algo profundo, um produto difícil de extrair.
Alheio a tudo isso, no Japão, Sua Alteza, o Imperador, dispensa o professor de reverenciá-lo, como única exceção entre as demais profissões. E o Brasil, o que vai fazer com os professores? Rebaixá-los ao patamar ínfimo de uma profissão que forma todas as outras, exigindo o sangue e a alma sem pagar-lhe dignamente? Todas as profissões têm sua importância, mas a atividade do professor é estratégica para o futuro e deveria receber mais atenção.  Por isso este texto reverencia o professor, Sua Alteza.

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Renã Leite Pontes – Escritor e poeta; Membro Vitalício da International Writers end Artists Association - IWA, Toledo, Ohio, USA; Membro Honorário do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - IMBRASCI, RJ; Membro Fundador da Academia dos Poetas Acreanos; Professor de Educação Física, no Acre.