quinta-feira, 25 de setembro de 2014

QUINARI 2























Entre dois morros Deus pôs incrustado
Pequeno vilarejo natalício
De paus a pique, todo empoeirado,
Diria o vulgo: para o mal propício!

Mas, ali foi o berço educativo
Dos que não dobram a espinha cervical;
Filhos dóceis; do afeto natural
Que engendrou cidadãos de idôneo crivo.

Estupro, droga, roubo, piriguetes.
Até me emancipar, é certo e vero,
Jamais ouvi falar estes verbetes.

Vimos nos livros a prometida terra.
Nossos heróis - exagerar não quero -
Domaram a honra que o trabalho encerra.



Por Renã do Quinari

domingo, 14 de setembro de 2014

A FIGUEIRA

Por Renã Leite Pontes
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Herdei a robusta figueira imponente
do meu bisavô num ranchinho vetusto
de barro batido, onde um dia, ao poente,
brotara da terra em forma de arbusto.

Alçara-se aos céus com seus galhos gigantes,
por cima das matas abrindo-se inteira
porém numa tarde de ventos uivantes
tombou serra abaixo a grande figueira.

Descendo ao terreiro batido que herdei:
montanha de pedras - que a fundo encontrei -
mantinha as raízes no raso da terra.

Igual... as pessoas egóicas, menores.
“Vistosas de casca”, porém sem valores,
serão vitimadas em sua própria “guerra”.


sábado, 13 de setembro de 2014


IMORTAL?
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Por Renã Leite Pontes
Do Livro “Diálogos Anversos”, 1990.

Tétis, a mãe de Aquiles, a quem quis
imortal, além do bem e do Hades,
tentando iludir certas verdades:
quem faz a guerra não será feliz!

Por que destes ao grego o cetro, a lança
sabendo que ele só matar sabia?
banhastes o guerreiro aquele dia,
de sorte e morte e triste aventurança.

Quem tomba de um só golpe em tenra idade,
em dura briga por mulher alheia,
decerto imortaliza a vaidade,

Sepulta os sonhos bons da puberdade.
por fincar alicerces em chão de areia;
merecerá não mais que piedade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

FALECE NATHAN DE CASTRO AOS 60 ANOS

* 23.01.1954
  † 09.09.2014 



REVERÊNCIA AO ESTRO NATHAN DE CASTRO
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Por Renã Leite Pontes

Parte Nathan, o Vate, de acidente
no nove do mês nove, quem diria,
um fim tão breve a  um jovem tão prudente
e dedicado a casta poesia.

Vendo a palavra lusa empobrecida,
o sol negou-se a iluminar as ruas,
o termo lida não rimou com vida,
como evidência das verdades cruas.

Todos vamos - na safra e tempo certo -
mesmo o Estro Nathan, um experto,
foi aguardar-nos bem fronte a aquarela.

Poeta quando morre vira um verso
da poesia viva do universo:
poeta quando morre vira estrela.



Jacó e Raquel

SETE ANOS DE PASTOR 
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Por Renã Leite Pontes
Paráfrase de soneto de Camões

Sete anos de pastor Jacó servia
qual filho dedicado de Abraão;
querendo a bela filha da sua tia
e, por amar Raquel, não disse: não!

Dois, sete anos, passou, chegou o dia.
Jacó foi ver Raquel e, ao recebê-la,
de pronto percebeu, não era ela
que o pai, fazendo logro, não daria.

Mas como o bom pastor bom filho fora
de Isaque, o Grande, com uma pastora
caiu do céu a ajuda merecida.

Conforme Deus nos outros sete anos
não houve margem para mais enganos:
quem não sofre no amor não goza a vida.