quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SI YO FUERA UN SACERDOTE
















Si yo fuera un sacerdote
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Renã Leite Corrêa Pontes

Si yo fuera un sacerdote, en mis sermones,
no hablaría de diezmo o dinero.
cantaría un poeta verdadero
y pasaría más allá de las convenciones

No rendiría culto a las tradiciones,
pero abonaba el gesto hospitalario
de quien se entrega al bien de cuerpo entero.
y rezaría los Versos de Vallejo.

Predicaría el silencio como norma.
y sólo en los hogares permitiría la oración,
pero para dar ejemplo de belleza,

Yo recitaría dos poemas míos,
todos sonetos, que es la  mejor forma,
de, sin silencio, acercarse a Dios.


SANTA BIBLIA DE DIOS
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Dedicado al mío ahijado y Poeta Raimundo Nonato

Santa Biblia de Dios, Oh Libro de oro,
llevad en esta Navidad por caridad,
la fe, la consciencia y la humildad.
A todo corazón, de orgullo moro.

Recordad lo mucho que amó a la humanidad,
el Dios omnipotente e inmortal,
dando su Hijo, su mayor tesoro,
para  que el mundo fuese igual.


Decid que es Navidad entre los cristianos,
pero más allá  de esto… todos son hermanos!
Porque nacimos de este amor profundo.

Pedí al mundo guerrillero la paz.
Decid que los cielos ya no soportan más
tanta injusticia em este aflijido mundo.


Traducción: Marilú Rosa de Aguilar Fernández

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

OÁSIS E DESERTOS

























VISÕES
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By Renã Leite Pontes, IWA

Intentando esquecer-te coração,
esqueci-me de mim e, por desgosto,
em tudo eu vejo o teu divino rosto,
teus olhos tristes, cheios de emoção.

E quando, em sonho, o toque da tua mão
vem percorrer a minha, por suposto,
fico a lembrar do muito que eu te gosto,
com sempiterna e singular paixão.

Palavras não definem o quanto eu amo;
os céus fogem de mim quando eu te chamo,
dizendo apenas que a paixão contida

Será, no céu vivida, em outra vida.
mas, para mim, viver no céu seria,
apenas poder ver-te todo dia.


OÁSIS E DESERTOS
___________________________________
By Renã Leite Pontes, IWA

Se Deus me fez sedento em frente ao mar,
com sede em ciclos de saciedade,
foi para me lembrar da realidade,
das fontes em que bebi e hoje secaram.

O tempo traz o gene da maldade,
conta os segundos para me afogar;
alguém chamou de rata a caridade,
por dever tanto e não poder pagar.

Sou fugitivo em meio de um deserto,
das águas longe e da sede perto.
tornei-me nuvem cheia de água quente,

Jovem sem rumo, penhorada vida
ao sol que banha... mas que me endivida.
no fim das contas sou sobrevivente.


OÁSIS E DESERTOS 2
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By Renã Leite Pontes, IWA

O que já fora coisa garantida,
na cordilheira que alimenta o lago,
hoje é promessa de um futuro vago,
sem as geleiras que garantem a vida

Nas águas cristalinas que, em cascatas,
por entre as pedras vão serpenteando,
ora revoltas, ora em curso brando,
preambulando as vidas abstratas...

E, um solitário peixe, em meio ao rio,
um cavalo no campo seco e frio,
uma mulher que não é de ninguém;

Todos dependem destas águas claras:
as matas verdes, as flores e as searas;
e alguém distante que a mulher quer bem.

VISIONES
_________________________
By Renã Leite Pontes

Intentando olvidarte corazón
me olvide de mi, y por disgusto,
en todo yo miro tu divino rostro
tus ojos tristes, llenos de emoción.

Y cuando, en sueño, la suavidad de tu mano
viene recorriendo la mía, por supuesto,
me quedo pensando en lo mucho que me gustas,
con eterna y gran pasión.

Palabras no definen lo cuanto yo amo,
pero los cielos se van cuando yo clamo
diciendo apenas que la pasión contenida

Sera en el cielo vivida en otra vida.
pero, para mi, vivir en el cielo sería...
apenas poder verte todo el día.

Tradução: Marilu de Aguilar Fernandes









quarta-feira, 14 de outubro de 2015


CONVITE OFICIAL DO PRESIDENTE DA  ACADEMIA DOS POETAS ACREANOS , RENÃ LEITE PONTES, AO SODALÍCIO DA ACADEMIA DOS POETAS ACREANOS - APA, PARA  PARTICIPAR DO CHÁ DAS LETRAS DE OUTUBRO DA ACADEMIA ACREANA DAS  LETRAS - AAL.

CONSIDERAÇÕES DO PALESTRANTE RENÃ LEITE PONTES A RESPEITO DO “CHÁ DAS LETRAS COM AUGUSTO DOS ANJOS DA AAL”, A OCORRER SEXTA-FEIRA, 09 DE OUTUBRO, AS 19 HORAS, NO SESC CENTRO

                                                                                               Os gênios não são classificáveis

Chegada a hora do nosso “Chá das Letras” da Academia Acreana de Letras - AAL, sob o peso da responsabilidade de palestrante que intenciona mais que o sucesso de um evento, considero oportuno deixar aqui algumas considerações a respeito de uma série de desencontros e estereótipos que cercam o autor Augusto dos Anjos (AA) e sua única obra “EU”. É óbvio que mais por desconhecimento foi disseminada, a respeito do autor e sua obra,  uma ideia do senso comum de que AA é “o poeta da morte”; “do verme”; “ da podridão” e do hediondo”;  hora aparecendo como doentio, outras como louco; e isso, de certo modo, afasta os leitores, sobretudo os mais importantes para o futuro do Brasil - leitor que estamos construindo com tanto esforço - os leitores mais jovens.
No caso, pondero, que seria interessante às partes interessadas em literatura: professores, intelectuais, acadêmicos, um estudo mais aprofundado do autor supracitado, se é que temos interesse em falar de AA com mais propriedade, então poderíamos ressaltar os elementos da moral presente na sua obra; falar do AA que gostava de pescaria; do AA que escrevia um jornalzinho interessante do próprio punho; elogiar o exemplo de vida de um autor que se dedicou aos estudos e ao Brasil; valorizar publicamente seu trabalho e vocação para o magistério; fazer elogios à profusão de idiomas que falava; dar destaque às amizades sólidas que construiu, dar ênfase ao fato do autor pertencer a uma das mais tradicionais famílias paraibanas (brasileiras); dizer que uma das suas brincadeiras preferidas era brincar de advogado, réu, juri e juiz, para testar hipóteses e argumentos; enfim, tirar da juventude o foco desta parte negativa que existe na obra dele, claro. Não é disto que estamos falando, estamos enfatizando o lado construtivo do aproveitamento da obra do autor, afirmando que obviamente a obra agostiniana tem elementos maiores e que o “EU” não é um livro biográfico, mas um livro de poesia cheios de metáforas e figurações que não correspondem a figura do AA humano, comumente incompreendido, mesmo assim sendo um dos poetas mais lidos da literatura brasileira e o maior poeta da paraíba, que bem merecia uma cadeira na ABL, inclusive por ser um poeta popular e de léxico também comum como o fósforo, o escarro, a sombra, a ponte, mesmo que seja a Buarque de Macedo ...
É oportuno dar ao público a oportunidade de saber que a obra de AA tem milhares de teses de mestrado e doutorado apenas no Brasil, com uma profusão de publicações de luxo nas nossas editoras importantes, deixando seus mais importantes “rivais” da sua época, o carioca Olavo Bilac (expoente do parnasianismo) e o já falecido, mas ainda muito lido na sua época de AA, o catarinense João da Cruz e Sousa (1861-1898), cognominado o Dante Negro (expoente do simbolismo), no chinelo em matéria de leitura e apreciação da obra, venda de livros e trânsito entre a população mais pobre do Brasil .
É importante também reconhecer que AA se antecipou ao movimento modernista e a “Semana de Arte Moderna”, em pelo menos uma década. Seria acertado dizer que AA inspira (antecipa) Manuel Bandeira, que ele antecipa João Cabral de Melo Neto? Seria interessante afirmar que "A Árvore da Serra" é uma antecipação ao movimento ecologista que hoje conhecemos?
Eu vi na internet um vídeo encenado fomentado por Imortais da ABL que chegou a me dar medo. Na feita, fiquei me perguntando o que aqueles próceres das letras brasileiras estavam pretendendo ao difundir a obra de AA com aquele escopo mórbido.
Penso que nós educadores e acadêmicos poderíamos fazer diferente ao estimular a leitura de um autor que tem, inclusive, muitos de seus poemas trabalhados em diversos certames, avaliações e concursos nacionais, para o bem do nosso povo, da poesia, do Brasil e da literatura brasileira.


Renã Leite Pontes
Presidente da Academia dos Poetas Acreanos 
Membro da Academia Acreana de Letras - AAL.

domingo, 20 de setembro de 2015

DISCURSO DE POSSE DE RENÃ LEITE PONTES



DISCURSO DE POSSE DE RENÃ LEITE PONTES NA PRESIDÊNCIA DA ACADEMIA DOS POETAS ACREANOS
SAUDAÇÃO
Presidente da Academia dos Poetas Mauro Modesto; Presidente da Academia Acreana de Letras Dra. Luísa Karlberg; Presidente da Academia Juvenil Acreana de Letras Jackson Viana; Confrade Moisés Diniz, da Academia do Juruá; Confrade Alessandro Borges, da Academia da Baixada; professoras que nesta noite são homenageadas; minhas senhoras, meus senhores.
DISCURSO
Quiseram os astros e este Sodalício que eu ocupasse, hoje, por escrutínio secreto, a presidência da Academia dos Poetas Acreanos, cargo de representação cultural, ocupado apenas por seu fundador e único Presidente, o economista e poeta Mauro D’ Ávila Modesto da Costa, alma acreana, escritor, ex-presidente da Academia Acreana de Letras; amigo de Raquel de Queiroz, Austregésilo de Athayde e Francisco da Silva Nobre; com assento em diversas academias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e laureado pelas Academias da França e Portugal; fundador da Fundação Garibaldi Brasil e Fundação Municipal de Cultura e Desporto de Sena Madureira. Na sua vida pública, serviu como assessor especial de quatro governadores; publicou 11 livros, fundou a Casa do Poeta Acreano e a Academia de Jornalismo; fundou a Federação das Academias de Letras e Artes do Estado do Acre e o Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais, seção Acre.
Nos municípios, fundou as Academias de Letras e Artes de Assis Brasil, Sena Madureira, Xapuri, Brasileia, Plácido de Castro e Senador Guiomard, ocasião em que conferiu a minha mãe, a Professora Raimunda Nonata Leite, o patronato da cadeira de número 11 da Academia de Letras e Artes da terra onde nasci.
Ao Presidente que sai com sua Diretoria, expresso o reconhecimento do trabalho desinteressado que dispensaram à nossa terra e nossa gente. Expresso também a gratidão ao Sodalício, pela confiança em me eleger e de passar às minhas mãos a Presidência desta augusta casa de cultura e saber.
Este evento especial de posse representa os valores da transição democrática que - com nossa contribuição - tem sustentado em oitavas ascendentes, a cultura poética do nosso estado. Somos uma associação de pessoas, nos termos da Constituição da República, reunidas por livre iniciativa, para reclamar a representatividade das letras versificadas do nosso Estado, cultivando um espaço cultural firmado e reconhecido como Academia dos Poetas Acreanos, ou palco sagrado da poesia - intangível fonte de isonomia de direitos entre acadêmicos, amantes da poesia e profissionais das mais diversas áreas de atuação e saber, com extensão a todos os estudantes e cidadãos do Estado do Acre.
Neste instante em que aqui estamos reunidos, nossos semelhantes esperam por nossa ajuda e trabalho no campo da cooperação e do altruísmo. Não seria exagerado afirmar que a ausência dos Valores éticos e morais são a “causa causorum” dos problemas sociais que desvirtuam o conceito de sociedade, estado, família e escola.
Os problemas sociais modernos vão do destino incorreto do esgoto urbano à poluição dos mananciais; do desemprego que tanta angústia causa a juventude à insegurança urbana e rural; vão da corrupção pública à falta de investimentos necessários a educação básica, esta última, acesso preferencial para condução da nossa sociedade em crise, a um patamar superior de civilização.
Neste contexto, a Academia dos Poetas tem um papel importante, por abrigar os próceres das letras poéticas do Acre, que em teoria, amalgamam o substrato gnosiológico da poesia e as altas habilidades da leitura, escrita e oratória, enfim, competências necessárias ao exercício da cidadania e porta de acesso garantido ao mundo do trabalho, que reclama cada vez mais dos jovens trabalhadores o domínio das habilidades da leitura e escrita.
Necessitamos compreender que, independente do idioma ou país onde foi concebida, a poesia é um legado universal do gênio humano, desde os primórdios da humanidade, pairando acima de meras questões de natureza material, territorial e idiomática. Segundo a teoria literária, a poesia como forma de arte pode ser anterior à escrita. Muitas obras antigas, desde os vedas indianos (1700-1200 a.C.) e os Gathas de Zoroastro (1200-900 aC), até a Odisseia (800 - 675 a.C.), parecem ter sido compostas em forma poética para ajudar a memorização e a transmissão oral nas sociedades antigas. A poesia aparece entre os primeiros registros da maioria das culturas letradas, com fragmentos poéticos encontrados em antigos monolitos, pedras rúnicas e estelas.
Os grandes gênios da História quiseram e foram reconhecidos como poetas, a exemplo de Homero, Virgílio, Aristóteles, Dante, Goethe, Beethoven, Salomão... As obras dos reformistas e as próprias Bíblias do planeta Terra: os Edas germanos; Os Hinários Indianos, chineses, húngaros, japoneses, alemães; o Talmud; os Evangelhos de Chilam Balam de Chumayel; o Bagavat Gita (o Canto do Senhor); o Alcorão Islãmico; A Biblia Hebraica, organizada em capítulos e versos (versículos), alinhavando Salmos; os poemas da Divina Comédia de Dante em teza rima ou terça rima - forma poética dificílima que antecipa nas estrofes o som que irá ecoar por duas vezes no terceto seguinte, parecem querer nos chamar atenção para uma possibilidade de beleza superior e existência de um patamar mais elevado de organização poética associada a uma lógica de estatura proporcional a aristotélica, que segundo Kant, não sofreu adição ou correção significativa durante dois milênios.
Segundo um manuscrito depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Lisboa, a Epopeia de Gilgamesh, um poema épico, é o poema mais antigo de que se tem notícia, foi escrito em escrita cuneiforme em tabletes de argila e, posteriormente, em papiro, no terceiro milênio a.C. na Suméria, Mesopotâmia (atual Iraque). Podemos encontrar outras poesias muito antigas nos épicos gregos Ilíada e Odisseia, nos livros iranianos antigos Gathas Avesta e Yasna e ainda no épico nacional romano Eneida, e nos épicos indianos Ramayana e Mahabharata.
A poesia, ou texto lírico, é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo em que o amor, o belo, a morte, o drama, a tragédia, a comédia e a catástrofe, enfim, podem acontecer dependendo da harmonia da imaginação e capacidade de catarse provocada no leitor pela intenção (ou não) do autor. O poema pode ser definido como a obra feita através da poesia, o motivo do poema, sua causa imaterial e inspiração é a poesia. Ao artífice da poesia, aquele que escreve, canta e declama poesia, denominamo-lo de poeta.
Já os poetas são cidadãos geralmente emancipados ou desapegados materialmente por vislumbrarem algo além do seu tempo, objetivam dedicar-se a segurança e proteção cultural das suas localidades. Vejamos alguns casos:
A História dá conta de que lutaram por Helena de Tróia dois impérios, o grego e o troiano, dois estados, em uma guerra de dez anos que recrutou titãs como o myrmidon Aquiles e o mortal Heitor, além dos monarcas dos reinos interessados e seus exércitos. Mas Helena era mortal, e assim ficou velha e adoeceu e perdeu a beleza. Se não fora o poeta Homero a eternizá-la em verso ao cabo de alguns séculos após, Helena jamais teria passado para o inconsciente coletivo terrestre e se mantido bela até nossos dias.
No famoso episódio da vinda de D. João VI para o Brasil em 1808, não querendo o monarca ficar distante da arte, dos literatos e da poesia, encarregou o Ministro de Estado Antônio de Araújo de Azevedo, o Conde da Barca, para contratar um grupo de poetas, artistas e artífices na Europa para fundar, no Rio de Janeiro, uma escola ou instituto teórico-prático de aprendizagem artística e técnico-profissional - a famosa Missão Francesa de 1816. Assim nasceu, por se fazer necessária, a arte e a poesia no Brasil como hoje a concebemos.
Outro caso curioso envolveu a Torre Eiffel. Pouco tempo após sua construção em 1889, uma elite fisiológica francesa alegando a defesa do bom gosto francês, apelidaram a Torre Eifel de “torre de babel” e propuseram livrar o “Champ de Mars” da sua incômoda presença. Se não fosse a intervenção dos poetas visionários e demais artistas franceses da época, o monumento pago mais visitado do mundo, desde a sua fundação, teria sido desmontado e vendido como simples sucata para um ferro velho.
Não é demais destacar aqui um detalhe importante da revolução acreana, na etapa de 1900, a famosa expedição dos letrados que, com a simpatia do governador do Amazonas Silvério Néri, decidiram organizar a "Expedição Floriano Peixoto", batizada de "Expedição dos Poetas", devido ao elevado número de jornalistas, poetas e versejadores que dela fizeram parte, tais como Dom Epaminondas Jacome, Vitor Francisco Gonçalves e Trajano Chacon... que ambicionavam ajudar a proclamar a Segunda República do Acre. Não obstante o malogro da missão poética quando, recém-chegados ao Acre, a bordo do vapor "Solimões", em dezembro de 1900, foram dispersados, em um episódio cômico, a tiros pela guarnição boliviana de Puerto Alonso. Todavia, se a expedição dos poetas não ajudou com armas àquela etapa da revolução, o fez com importante divulgação da causa acreana nos principais jornais de Belém, Manaus Rio de Janeiro e São Paulo.
Gostaria de deixar claro a este honorável auditório, em nome da nova Diretoria, que estamos cientes dos desafios e limitações que virão, porém dispostos a fazer tudo aquilo que for dignificante, justo e bom para levar a poesia a quem mais precisa, defendendo o idioma pátrio, preservando e multiplicando o tesouro poético-literário do estado do Acre.
Nos termos da IWA, pretendemos incentivar os jovens talentos a publicação das suas obras, elevando a Literatura local que nos ajudará a sobrepor o otimismo sobre o pessimismo, o incentivo sobre a crítica, a valorização sobre a indiferença, enfim, a fraternidade sobre a divisão.
Embora sem recursos, conta bancária, nem instalações físicas onde possamos guardar o Livro Ata desta posse, não daremos lugar ao pessimismo, mas sim, a esperança ao invés do desalento; a prontidão ao invés da inércia; a alegria e a tolerância as individualidades ao invés da aridez de apontar defeitos; o diálogo humilde ao invés da negação do outro; priorizaremos o coletivo sobre o egoísmo; a beleza ao invés do descuido; enfim, seremos observadores da razão ao invés da fé cega e irracionalidade.
Por fim, agradeço ao Tribunal de Justiça do Estado do Acre, seus funcionários e demais visionários acreanos, cuja capacidade de percepção e senso valorizador da importância da poesia acreana financiaram nossa roda de poesia até os nossos dias, contribuindo para que a poesia acreana ocupasse um espaço no cenário nacional e internacional.
Me despeço aqui com um soneto porque nos eventos desta casa, não pode não haver poesia.
Muito obrigado



SETE ANOS DE PASTOR
Paráfrase de soneto de Camões
_____________________
Por Renã Leite Pontes

Sete anos de pastor Jacó servia
qual neto dedicado de Abraão;
querendo a bela filha da sua tia
e, por amar Raquel, não disse não.

Dois, sete anos, passou... chegou o dia.
Jacó foi ver Raquel e, ao recebê-la,
de pronto percebeu, não era ela
que o pai, fazendo logro, não daria.

Mas como o bom pastor bom filho fora
do potentado Isaque e uma pastora
caiu do céu a ajuda merecida.

Conforme Deus nos outros sete anos
não houve margem para mais enganos:
quem não sofre no amor não goza a vida!



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

ÚLTIMO VERSO DE AMOR


ÚLTIMO VERSO DE AMOR       
Por Renã Leite Pontes
Tradução de Marilú de Aguilar Fernandes
_____________________________________________________

 Cuando vencido por tu mirada,
domaste por entero mis sentidos,
Fui compensado por los tiempos pasados,
En que en el mundo vivi sin amarte.

Nos fundimos, en aquel entonces, pecho a pecho,
y disfrutamos de una eternidad.
nadie jamás ha amado así,
si alguien dice  que amó, no es cierto.

Pero hoy me confiesas  que otro alguien,
ha despertado en tu pecho un nuevo amor
y dividida piensas en dejarme
para librarme  de un nuevo dolor.

Si quieres dejarme, quiero que sepas,
que nuestro amor fue mi gran secreto,
que  sin tus besos me enfermo y me muero,

Que si me dejas hoy has de matarme
Oh, déjame mañana, yo te suplico
en el nombre de este  amor que no es de nadie.

Pero mañana, en  la hora en que te vayas,
ignora mi llanto derramado,
Sigue feliz, cambiar no es pecado.

Si allí en la calle, a los pies arrodillado
de tu divina figura codiciada,
te imploraría por tu amor también.

Mires de lado, si me censuraras,
diré tu nombre ante las miradas letales,
en el último verso de amor que hice para alguien.






sábado, 12 de setembro de 2015

DISCURSO DE RENÃ LEITE PONTES* POR OCASIÃO DE “1 DE SETEMBRO” - DIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA/2015


DISCURSO SOLICITADO AO PROFESSOR RENÃ LEITE PONTES* PELA PRESIDÊNCIA DO CREF 8, PARA SER PROFERIDO NO PLENÁRIO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE, POR OCASIÃO DE “1 DE SETEMBRO” - DIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA/2015

Antes de iniciar uma abordagem mais específica a respeito da data alusiva ao “1º de Setembro - Dia do Profissional de Educação Física”, aproveito o espaço privilegiado desta Casa legislativa, para contribuir com uma reflexão a respeito da importância da nossa profissão para a solução dos problemas sociais que nos afligem na contemporaneidade: problemas de saúde, desemprego, insegurança, meio ambiente, fome, guerras... ou seja, o cenário de profunda crise pela qual passa a humanidade, posto que o Profissional de Educação Física trabalha com o substrato cinestésico dos corpos humanos (e seus saberes históricos) que manifestam sua existência através da vontade, pensamento, sentimento, cultura, enfim,  manifestações comuns  aos ramos de atuação humana, que não prescindem da nossa voz em qualquer diagnóstico social multidisciplinar.
Como imperativo, nosso campo de atuação foi (e é) valorizado pelos gênios da humanidade das áureas sociedades democráticas da história, não havendo, portanto, margem para redutibilidade da nossa contribuição; ao contrário, nosso campo de atuação foi, e continua sendo, um complexo-delicado, isso assumimos, que apesar da sua aparente neutralidade, retroalimenta-se da ideia de conjuntura política e inter-relação, de modo que, sem a nossa interferência - de área privilegiada e estratégica - todo o arcabouço do estudo das causas dos problemas sociais (imperativo para a solução destes) seria prejudicado, em especialmente no que diz respeito aos procedimentos e ato construtivo.
Minhas senhoras, meus senhores,
Estamos passando, na história da humanidade, por um momento de relatividade caracterizado pela desvalorização da pessoa que nasce e apresenta sua força, inteligência e juventude à sua localidade. Parece que para o mercado de trabalho global, do oriente ao ocidente, melhor seria que a humanidade estagnasse e que não nascesse mais gente. Talvez assim fosse possível - creem alguns intuitivos - juncar a marcha triunfal da fome mundial ocasionada pelo desemprego, esta chaga aberta que tem suas raízes nos humores de líderes que, ao invés de aproveitar os talentos físicos e mentais da juventude, a maior riqueza de uma nação, preferem faltar para com o dever, omitindo-se, e aumentar a fenda abissal existente entre os que têm demais e estoutras pobres vítimas indefesas dos desvios públicos, da insegurança, da pobreza, da fome, guerra e dor.
Causa-nos tristeza ver  como muitas pessoas que chegaram primeiro e aferraram-se a uma suposta “estabilidade econômica” (ou estabilidade no emprego), são incapazes de sensibilizarem-se, por exemplo, com a causa dos professores que iniciam uma carreira em regime de “contrato temporário”, forma mesquinha de “emprego” (a preferida dos governos mais recentes) que  avança na contra mão da via da dignidade, autonomia e valorização do trabalhador que elegeu desempenhar-se - quase sempre por vocação - na profissão formadora de todas as demais.  Para aqueles  que se sentem muito estáveis economicamente -  tão indiferentes e alheios ao problema - eu indicaria a leitura do clássico  “Guerra e Paz” de León Tolstói. Ali testemunharemos, na história, como as mudanças sociais fazem império virar ruína, barão vira pedinte, general virar coitado e príncipe vira sapo. Eu mesmo agradeço a Deus por não ser um jovem desempregado, em busca de um lugar ao sol, neste mundo de hoje.
Porque nestes momentos em que aqui estamos reunidos, do Acre à França, Alemanha, Reino Unido... move-se uma onda migratória de fugitivos da pobreza, que são, em verdade, refugiados da fome e da falta de estruturação política e soberania popular nos seus locais de origem. Disseram-nos que esta “diáspora do desespero” deriva das catástrofes ambientais que começaram a mudar o cenário mundial a partir de 2004. De fato, as catástrofes ambientais sempre existiram, mas nada comparado com o famigerado “Tsunami da Indonésia”, tão violento que moveu os polos magnéticos da Terra, deixando no seu rastro 170.000 mortos; em 2010, aqui perto de nós, ocorreu o singularíssimo “Terremoto do Haiti”, que deixou atrás de si a assombrosa cifra de 200 mil mortos, incluindo militares brasileiros em missão e a nossa altaneira médica ativista Zilda Arns.
Também testemunhamos, em 2011, o “Tsunami do Japão”, cujas ondas gigantes, causaram um tremor de 9 graus na escala Richter, danificando seriamente a Usina nuclear de Fukushima e matando instantaneamente milhares de pessoas.
Conforme ilustramos, os problemas sociais estão postos como grandes questões que dizem respeito a toda a sociedade. E, nós, profissionais de educação física estamos prontos a contribuir através dos saberes tradicionais da ciência e arte que herdamos e representamos com justificada altivez. Porque construímos nossa história trabalhando fisicamente pelo bem do nosso país; somos investigadores da educação física, cientistas, empresários e professores de academias GYM que orientam os beneficiários dos exercícios físicos; somos professores que educam uma verdadeira legião de alunos espalhados por milhares de escolas (e universidades) do Brasil; somos técnicos em reabilitação cardíaca e orientadores físicos de milhares de pessoas em idade geriátrica; somos treinadores olímpicos e representamos a força e espírito altaneiro da grande nação brasileira, enfim; somos treinadores de estratégia militar, trabalhando pela segurança dos brasileiros e soberania nacional; somos treinadores esportivos respeitados e com salário mensal - quando atuamos nos grandes clubes - que atinge o montante de até R$500 mil mensal .
Por uma simples questão de fé e valorização dos bons exemplos das pessoas realizadoras, “noblesse oblige” (a nobreza obriga), declaramos, em nome do otimismo, da coragem e da experiência que todo problema tem solução. Tomemos este exemplo histórico dos habitantes da antiga Uruk e Nipur (região da antiga Mesopotâmia), e mesmo aquele outro dos construtores da capital asteca de Tenochtitlán (primeira cidade do mundo a abrigar um milhão de habitantes). Nos primórdios da história estas localidades não eram, a exemplos de outras regiões baixas e entre rios, indicadas para a habitação, por tratarem-se de áreas alagadiças. Bastou que se reunissem alguns sábios e logo, aproveitando a força da coluna vertebral humana, braços, pernas e da técnica dos tijolos de argila, edificações de muradas inexpugnáveis, templos, passadiços subterrâneos, criptas subterrâneas, dique, canais, piscinas, lindos palácios e outras maravilhas arquitetônicas, lindas cidades emuralhadas, começaram a brotar daqueles terrenos pantanosos, imitando a flor de lótus que nasce da lama.
Por tudo isto e por questão de reconhecimento, a sapiência telúrica fez questão de reverenciar a nossa área de saber, inclusive descobriremos este fato ao atentarmos para a própria etimologia do nome do filósofo Platão, considerado reformista e principal pensador da antiguidade clássica. De fato, honra-nos descobrir com alegria que o nome do autor de “Fédon”, “Banquete” e d’ “A República” é uma homenagem pública ou tributo à Educação Física, porque o termo Platão vem do grego “plato”, que quer dizer “espadaúdo” - aquele que tem ombros largos ou espáduas largas.
Com estampa, Platão foi um defensor da educação física, um fomentador da área, ao vivê-la na sua plenitude, inclusive como atleta e lutador, tendo competido e ganhado nos jogos Píticos, pelo menos em uma oportunidade, a “Coroa de Louros de Tempe”, na Tessália - mérito correspondente a medalha de ouro dos  nossos atuais Jogos Olímpicos.
Segundo especula-se, a “Akademus” (academia), escola criada por Platão em 387 a.C teve vida longa devido, também, ao motivo de cumprir com àquele princípio basilar da mentalidade grega da época, traduzido na frase: "mens sana in corpore sano” (mente sadia em um corpo sadio). De fato, a vontade de Platão com relação a longevidade da sua escola deu certo e é invejável, porque a “Akademus” só foi fechada no império de Justiniano, no ano de 529 d.C., ou seja, quase um milênio depois.
Perpassando a ideia de aceitação universal, o postulado “mens sana in corpore sano” foi defendido pelos seguidores de Platão, incluindo seu destacado discípulo Aristóteles que é considerado o pai da Cinesiologia Moderna - ciência ou área de saber específica da educação física. Sedento de entender como a cobra nada, o pássaro voa e o homem corre, Aristóteles de Estagira dedicou-se a observar, experimentar e anotar o “De motu musculorum" (o motor muscular), utilizando o termo "mecânica" pela primeira vez e descrevendo o corpo humano como um mecanismo complexos de sistemas de alavancas.
Dizem antigas tradições grafadas em alfarrábios empoeirados do Egito, Grécia e Roma... que quando os deuses amaram as mulheres humanas, nasceram os myrmidons, titãs ou semideuses dotados de diversos dons relacionados a força sobre-humana , a beleza de Apolo e a sabedoria de Salomão. Não está demais observar que dois dos três dons divinos, que se adquire gratuitamente pelo nascimento, são físicos: a beleza e a inteligência, restando apenas um dom não físico: a inteligência, mas que está condicionada ao fator saúde.
Para finalizar gostaria de recordar a esta casa que a prática das modalidades esportivas, fortalecem o senso de coletividade, reforçam o senso ético, estimulam a busca pela perfeição e eliminação dos erros, fomentam o companheirismo, o senso de pertinência ao país e o amor ao esporte que se traduz na busca da saúde e disposição para uma vida equilibrada pelo domínio dos apetites e da alimentação saudável, em especialmente neste momento, quando o Supremo Tribunal Federal brasileiro julga processo de liberação do porte e consumo de pequenas quantidades de drogas.
POEMA
Para finalizar vou pedir licença para declamar aqui um pequeno poema, mas tão significativo que inspirou os trabalhos de Platão e Aristóteles e demais baluartes da educação física depois deles. Trata-se da Sátira X ,escrita no século VI a. C., pelo poeta romano Juvenal. Ei-la:

“Deve-se pedir a Deus em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
Que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
Que suporte qualquer tipo de labores,
Desconheça a ira, nada cobice e creia mais
Nos labores selvagens de Hércules do que
Nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
E verás revelado a ti aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho para a boa vida passa pela virtude”.

Muito Obrigado!

*RENÃ LEITE PONTES

Professor de Educação Física, Presidente da Academia dos Poetas Acreanos, Membro da Academia Acreana de Letras, Membro da International Writers and Artists Association - IWA.

domingo, 5 de abril de 2015

PASSOS PARA UM TRABALHO CIENTÍFICO

SEGUNDO O PROF. RENÃ LEITE PONTES, IWA,  MEMBRO DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS

1. INTRODUÇÃO
O autor deve dizer a seus leitores como veio a se envolver com o assunto, em que circunstância o mesmo o cativou e qual importância do mesmo para o autor, comunidade acadêmica e sociedade em geral. A relevância do trabalho deve abranger diversos aspectos, como: filosófico, político, econômico, científico, etc.
Ex.: percebemos que na contabilidade não há estudos sobre a relação social entre o contador e o pagador de tributos (contribuinte), portanto, nosso interesse principal é, neste projeto, apontar rumos para estabelecimento de uma relação mais humanística[1] entre tributador e contribuinte.
2- Percebemos que no ambiente extra-hospitalar circulam pacientes com escalpe exposto e que não há estudo sobre as implicações desta atitude para a saúde da comunidade hospitalar, portanto nosso interesse principal neste projeto é identificar as possibilidades de contaminação do ponto de vista da microbiologia.

2. REVISÃO DA LITERATURA
É a tarefa que precede, acompanha e segue as demais tarefas de elaboração do projeto de pesquisa. Temos que definir o problema para adequar as hipóteses, para elaborar os instrumentos de pesquisa, para categorizar e analisar os resultados, para interpretá-los, apresentar sugestões e concluir.
Obs.: deve-se consultar fontes idôneas e autores idôneos sobre o tema em questão.

3. TEMA, TÍTULO OU ASSUNTO
Deve-se preferir a formulação mais sucinta possível, de modo que o tema possa ser retido de memória, representando uma referência prática para a identificação da pesquisa.

São exemplos:
a)     Avaliação em Educação Física Escolar: perspectiva do educando.
b)    Formação política do professor de História.
c)     A influência do pensamento do Dr. Adib Jatene na saúde brasileira.
d)    O discurso das ciências humanas na universidade Federal do Acre.

4. PROBLEMA
A forma mais simples de apresentar o problema é sob a forma da pergunta direta, direcionando o questionamento para aquilo que se quer investigar, identificando os itens que queremos explorar, desvendar e conhecer.
         Exemplos:
a)     Qual é o nível de comprometimento profissional que o enfermeiro/médico/bioquímico revela em sua prática de saúde?
b)    Qual é o tipo de formação política do enfermeiro da Universidade Federal de Sergipe?
c)     O que, em sua opinião, distingue o projeto acadêmico da Universidade de São Paulo das instituições similares?
d)      Qual sua avaliação sobre o seu desempenho pessoal como professor da Universidade de São Paulo?
e)     Quais as suas perspectivas na sua Universidade para os próximos cinco anos?
f)      Quais as perspectivas do seu setor para os próximos cinco anos?
g)     Quais são os entraves que as políticas mais recentes de governo impõem ao seu crescimento e desempenho profissional ?
h)    Quais as facilidades e os estímulos que seu empregador oferece ao seu crescimento profissional e atendimento ao público?

É comum começarmos uma pesquisa sem muita certeza do problema principal, porque não temos bem claro o que queremos. Isso é natural, sobretudo no campo da investigação pioneira em que não há pesquisa disponível em bibliografias anteriores.
Os problemas vão ajustando-se progressivamente a realidade e dinâmica da pesquisa, pois só passamos a ver mais claramente o que pesquisamos à medida que nos envolvemos com o trabalho prático e a revisão da literatura.
Às vezes o pesquisador tem a sensação que o projeto se descaracteriza a medida que se avança na investigação, gerando confusão. Isso não é verdade, o que ocorre, na realidade, é apenas o reordenamento das prioridades, abordagens e ideias relacionadas com o tema defendido.

5. HIPÓTESE
A hipótese é uma primeira resposta nossa, provisória, para cada problema formulado. Neste sentido as hipóteses são um Guia de Pesquisa que servem para detalhar e explicar as questões formuladas.
Há circunstâncias em que um projeto de pesquisa pode ser totalmente formulado sem conter hipóteses.
Isso pode ocorrer com um tema pouco estudado, para o qual não conhecemos literatura ou nossa vivência é insuficiente para nos permitir formular explicações ou respostas. Nestes casos, nossas hipóteses serão como perguntas de crianças, no sentido de que perguntamos algo porque queremos saber as respostas, por desconhecê-las.
Uma hipótese deve ser lógica e testável por qualquer pessoa que queira confirmar nossas descobertas.

6. VARIÁVEIS
As variáveis são necessárias quando se trabalha com população e amostra. Tem uma estreita relação com as hipóteses. É muito comum as hipóteses apresentarem variáveis, podendo ter uma hipótese duas ou mais variantes.
Por exemplo, podemos ter a hipótese que relaciona a variável sexo com o desempenho dos falantes em relação à norma linguística culta.
Neste caso, observamos que a variável sexo tem duas variantes, masculino e feminino. E que as mulheres estão mais próximas da norma culta do que os homens em termo de comportamento verbal.
Obs.: A vantagem feminina relativamente à fala se dá devido à predisposição de estruturas cerebrais.
Uma tese pode ter as seguintes características:
Todos os testados são seminaristas, estudam as mesmas coisas, comem a mesma comida, dormem na mesma hora, habitam no mesmo lugar, têm o mesmo estilo de vida etc, portanto, aqui não necessitamos de variáveis, mas de constantes.
Existe o caso em que o pesquisador procura intencionalmente um grupo amostral mais homogêneo, objetivando eliminar as variáveis.
Outro exemplo em que as variáveis são descartadas: todos os professores são mestres docentes do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Acre, e o sexo (intelectualmente) não vamos levá-lo em consideração. Neste caso, também, não se trabalha com variáveis, mas com constantes.
As variáveis mais comuns são: a variável binária e variável eneária.

7. OBJETIVOS
O objetivo de uma pesquisa é sempre verificar o valor da hipótese formulada como resposta provisória ao problema.
No caso de projeto formulado sem hipótese o objetivo é responder as questões formuladas como problemas.
São exemplos de objetivos:
a)     Qual a influencia do pensamento de Philippe Perrenoud e Edgar Morin para a educação brasileira.
b)    Quais as dificuldades, oportunidades e estímulos oferecidos ao profissional de saúde da rede estadual de saúde do estado do Acre.
c)     Saber como os alunos de Biomedicina gostariam de ser avaliados nesta cátedra, ou seja, qual a perspectiva do aluno com relação à avaliação em Biomedicina.
d)    Qual a visão[2] que o professor da rede estadual de ensino do estado do Acre tem da Instituição SEE no governo Tião Viana em 2015.

OBS.: Cada item corresponde a um trabalho diferente.

Além do objetivo geral, podemos ter vários desdobramentos deste, como objetivos parciais mais específicos, todos voltados para o conhecimento da nossa realidade.

8. METODOLOGIA
Diz respeito a como que se vai direcionar o estudo implementado.
A metodologia dará noções de como o trabalho foi realizado e quais os passos, recursos, pessoas, regulamentações, estratégias, materiais, utilizados para tornar exequível o projeto.
Uma preocupação deve estar presente em todos os passos da investigação, é traduzir as relações em uma atitude de respeito para com os saberes daqueles que lhes prestarão informações.
         Assim deve-se:
-         Procurar evitar preconceitos nas delimitações dos problemas;
-         Na definição da população e do grupo amostral, respeitarmos a autonomia dos indivíduos e dos grupos;
-         Nos pautarmos por variáveis que sejam identificáveis, sem constrangimento para os informantes;
-         Permitir ao informante liberdade em discorrer sobre os tópicos que concordou em abordar;
-         Ser fiel a formulação discursiva do informante, evitando qualquer tipo de desvios.
-         Só emitirmos opinião, no quadro da corrente teórica que adotamos;
-         Tentarmos captar o vivido tal como ele é vivido, sob a ótica e condições de quem o vivencia.

9. POPULAÇÀO E AMOSTRA
A população alvo em cada projeto de pesquisa, consiste no universo de indivíduos que pertencem a categoria relacionada ao trabalho-pesquisa que pretendemos empreender. Indivíduos que possam dar repostas fidedignas àquilo que se pretende testar com o projeto.
Na prática, essa população é apenas um ponto de referência para garantir a homogeneidade dos informantes. Não se deve trabalhar abrangendo um universo todo, heterogêneo e sim apenas com uma amostra ou grupo amostral do mesmo grupo, selecionado de forma aleatória (randômica) ou intencional.
Ex1.: No Projeto Comprometimento Pedagógico a população constitui-se de 15 professores de Educação Física do primeiro grau das escolas públicas de Rio Branco - AC, que atuam na mesma área geográfica e pertencem ao mesmo distrito educacional.
2- No “Programa Mais Médicos do Governo Federal”, a população médica é formada quase em sua totalidade por médicos estrangeiros que não falam ou mal falam o Português. Esta é uma particularidade importante, portanto, quais as implicações e dificuldades para pacientes que têm tratamento dispensados por médicos com diferenças culturais  e idiomáticas tão gritantes.

10-INSTRUMENTOS
Os instrumentos mais comuns na área das ciências humanas são a entrevista e o questionário, além da escala e o formulário. O formulário é uma lista de itens ou critérios para observação sistemática, já a escala aproxima-se muito dos testes de múltipla escolha, com várias alternativas para testar o valor-verdade de afirmações relativamente polemicas, do tipo: (concordo, discordo, concordo parcialmente, discordo parcialmente, não tenho opinião).
No entanto, o instrumento por excelência é a ENTREVISTA, tanto a de elite, como a entrevista guiada, que segue acompanhada da observação sistemática.
A entrevista de elite é uma entrevista  que resume-se a poucas questões,  dirigidas a uma pessoa especialista ou autoridade reconhecida para que discorra sobre um assunto que o pesquisador está investigando, canalizando o que se quer da entrevista para chegar se ao aumento da confiabilidade dos dados.
Ex.: de entrevista guiada na área médica.
Seção A: historia de vida:
1-    Onde e quando você se graduou?
2-    Que motivo levou você a estudar medicina?
Seção B: concepções:
1-    Na sua opinião,  o que é ideologia?
2-    Na sua opinião, o que é educação?
3-    Na sua opinião, o que é medicina?
4-    Na sua opinião, qual o objeto da medicina?
5-    Na sua opinião, quais as prioridades na formação do profissional médico?


11-COLETA-PILOTO
Representa uma oportunidade para testar o projeto como um todo, inclusive a qualidade da gravação, a adequação do local de coleta e o desempenho do entrevistador.
Toda entrevista deve ser gravada com gravador à vista do informante (embora o gravador tire a naturalidade da fala) e com seu consentimento explícito para que sua fala seja gravada. Gravar facilita tanto a confiabilidade dos dados, quanto o respeito a interação verbal que se estabelece entre os interlocutores. Também por razões éticas garante-se e cumpre-se a promessa do anonimato do informante.
Sempre é bom mostrar a entrevista gravada previamente para uma pessoa ou pessoas mais experientes na nossa área. Às vezes, o que para nós está claro, pode soar confuso para outros. Havendo ambiguidades, a amostra real vai necessitar de reformas.

12-TRANSCRIÇÃO
A fidelidade do texto do informante impede-nos de editar, aprimorar ou “corrigir” aquilo que o informante disse.
A função principal da transcrição é tornar os materiais organizados e disponíveis para analise e categorização. Dado que nosso foco de interesse é o conteúdo semântico do discurso, não necessitamos deter-nos em detalhes fonéticos, do tipo, presença ou ausência de vibrante final ou outros fonemas do tipo, supressão ou acréscimo de semivogais etc.

13-CONCLUSÕES
É espaço próprio para considerações, nem sempre conclusivas, sobre a validação da hipótese, bem como sobre o conteúdo das respostas encontradas para o conteúdo que motivou a pesquisa. As conclusões são sempre provisórias, porque nunca comprovamos uma hipótese de forma definitiva, sempre ficamos na dependência de novas pesquisas, que venham ratificar, retificar ou desautorizar aquilo que investigamos.

14- SUGESTÕES
É muito comum aparecerem em alguns trabalhos, algumas considerações de caráter sugestivo, ao final das conclusões. É também comum aparecer o título final CONCLUSÕES E SUGESTÕES.
Sugestões não é um item obrigatório, mesmo porque há pesquisas que privilegiam o ato de CONHECER SEM IMPLICAÇÃO NECESSÁRIA DE INTERFERIR NO MEIO.
Por outro lado, as finalidades últimas das pesquisas de orientação participativa são aumentar o conhecimento da realidade e, de alguma forma, interferir nesta realidade e modificá-la para melhor (também se modifica para pior) a partir do conhecimento adquirido.

15- CRONOGRAMA
Deve ser elaborado mesmo antes da revisão da literatura. É ele que vai dimensionar o nosso tempo e fornecer elementos se estamos cumprindo ou não as etapas que nós mesmos impusemos ao nosso trabalho. Deve-se ser muito cuidadoso e sincero ao se elaborar o cronograma, para que não se trabalhe ora estressados, ora com tempo de sobra. O cumprimento do cronograma estabelecido é o indicativo preciso de que nosso trabalho está fluindo bem.
Exemplo.:


Nº DA ETAPA
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS
DE
ATÉ
01
Reunião com orientador para definição do tema
09.03.15
09.03.01
02
Visita a biblioteca da UFAC para levantamento de livros
10.03.01
10.03.15
03
Revisão da literatura e levantamento das hipóteses
11.03.15
22.04.15
04
Elaboração de itens e gravação da entrevista
23.04.15
25.04.15
05
Reunião com juiz para testar a entrevista 
26.04.15
27.04.15
06
Aplicação da entrevista para  professores do Colégio de Aplicação da UFAC
28.04.15
28.04.15
07
Tabulação dos dados da entrevista e tratamento estatístico
29.04.15
12.05.15
etc
etc
etc
etc







RECURSOS
Deve-se elencar o que necessitamos em termos humanos, materiais e financeiros, consultorias, assessorias, suporte técnico, material de expediente, despesas com viagens, aquisição de livros etc, dependendo do nosso tipo de pesquisa. Se a nossa pesquisa é uma simples monografia, então devemos listar apenas o que necessitamos.

      







[1] Humanismo – Doutrina e movimento dos humanistas da renascença que visavam formar o espírito humano pela cultura literária ou científica. Afirma que a verdade de um conhecimento se define a partir de que consiga fazer o que necessita ser feito, em benefício da humanidade.
[2] Representação