Este texto foi enviado do Rio de Janeiro -
RJ, pelo meu Confrade da AVSPE, Manoel Virgílio Cortes. Aqui, na condição de um
“fiozinho de voz” ouso publicá-lo neste espaço.
R. L. P.
Trata- se de uma conversa informal entre avô e neto, com início a partir da seguinte interpelação:
Vovô, por que o mundo está
acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma
infante. E, no mesmo tom, vem a
resposta:
Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que
professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam
sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam
conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar,
localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas.
Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
Eles ensinavam tudo isso? Mas
eles eram sábios?
Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
E como foi que eles
desapareceram, vovô?
Ah, foi tudo parte de um malévolo plano secreto e paulatino, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
Depois, muitas famílias estimularam a falta de
respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus
filhos. Estes foram ensinados a dizer [no caso das escolas particulares]
"eu estou pagando e você tem que me
ensinar", ou "para que estudar se meu pai não estudou e ganha
muito mais do que você" ou ainda
"meu pai me dá mais de mesada do que você
ganha". Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a
multiplicação de escolas particulares,
as quais, [tendo por acionistas, os políticos, através de seus “laranjas”] mais interessadas nas
mensalidades escolares que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais,
pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo
"gerenciar a relação com o aluno". Os professores eram vítimas da violência - física, verbal e moral - que lhes
era destinada por pobres e ricos, viraram “saco de pancadas” de todo mundo. E,
além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na
obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer
faculdade que fosse. "Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando
vai fazer meu filho passar no vestibular", diziam os pais nas reuniões com
as escolas. E assim, praticamente todo o
ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as
discussões de ideias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet,
os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a
sério.
Em seguida, os professores foram
desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo achatados e ninguém
mais queria se dedicar à profissão.
Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer
que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da
educação, pois viam que as pessoas "bem sucedidas" eram políticos e
empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de
novelas da televisão - enfim, [em muitos casos] pessoas sem nenhuma formação ou
contribuição real para a sociedade.
[E... foi assim que a sociedade atual perdeu a esperança na vida e mergulhou nesta obscuridade da ausência de valores].
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