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Por Renã Leite Pontes, Membro Efetivo, AVSPE.
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Basta algum pecuarista, ao cavoucar
um buraco para fincar um âmago de amarrar boi, ou arar a terra para plantar
capim - em qualquer das margens, ao longo dos milhares de quilômetros da
BR-364, que logo se rompe um cabo de fibra óptica e pronto, voltamos ao início
do século passado, um total isolamento. Instala-se a situação recidivante,
risível, fleumática na capital do Estado do Acre: a região fica sem
comunicação, a população isolada do mundo cibernético, um caos para os
habitantes, o comércio, as comunicações.
Não bastasse o fato de a Internet
riobranquense ostentar o nada garboso status de pior Internet do Brasil, país
que segundo estudo da Organização das Nações Unidas – ONU, tem uma das piores
redes de internet do Mundo, ficando atrás do Quênia, Marrocos, Sri Lanka,
Turquia e até do Vietnã. O citado estudo, amplamente divulgado na mídia brasileira,
ainda é taxativo em afirmar que a internet brasileira é a mais cara dentre
todos os paupérrimos países supramencionados.
Na véspera do fatídico 11 de
setembro (2012), o mau funcionamento dos serviços essenciais prestados aos
nossos cidadãos, cumulou e a cidade teve um anoitecer difícil. Enquanto os
candidatos trocavam “farpas” e prometiam melhorar a qualidade de vida da
população, a energia elétrica caía mais do que bêbado de muleta; sequer os
telefones de emergência completavam as ligações da operadora oi; os portões
eletrônicos não funcionavam, forçando os motoristas a estacionarem os seus
carros na rua; também não funcionava
a internet e, por imposição da falta de luz, os aparelhos de TV e de ar
condicionado.
Para agravar o quadro acima
exposto, com vários bairros da capital às escuras, os citadinos, submetidos à
sensação térmica de 40 graus, ouviram – quando restabeleceram a luz – os
dignitários do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco - SAERB anunciarem na
mídia televisiva, que nos próximos trinta dias, o órgão administrará o
desabastecimento hídrico dos bairros altos da capital, porque quebrou uma peça
da - dizem eles - máquina de filtrar algas.
Procurando entender as causa do
nosso problema da falta d’água, líquido precioso e essencial à qualidade de
vida nas cidades, penso que seria edificante se a SAERB respondesse o porquê
de, desde a sua fundação em 1971, (a empresa chamava-se SANACRE) seus gestores -
incluída a gestão atual - ainda não haverem alcançado planificar seu estoque de
peças de reposição, bombas reservas e diagnosticado quais os implementos de
maior desgaste no coração do sistema de abastecimento hídrico da capital. Isso
é o planejamento mínimo que uma empresa de serviços públicos deve fomentar.
Vamos nos deter um pouco mais para avaliação
da situação. Submeter a nossa população a ficar sem (ou com pouquíssima) água,
neste calor de setembro, por 30 dias, por causa de uma bomba d’agua, cano ou
rolamento, tenha paciência! Alguém pode explicar, mas não há quem entenda, em
especialmente, nestes tempos difíceis de mudanças climáticas, causadas pelo
efeito antrópico.
Recoremos que o acesso à água na
Amazônia é uma compensação às pessoas daqui, pelos incômodos causados pelo
excesso de radiação solar e sufocante sensação térmica, em uma área considerada
por alguns estudiosos como Anecúmena (região que oferece dificuldades e
obstáculos naturais à sobrevivência humana: risco à saúde, isolamento, calor,
frio, umidade, seca).
Tenho pensado, ainda, que a
população de Rio Branco já merece ver na direção do SAERB, diretores e técnicos
que apliquem, com melhor rigor científico, os pressupostos modernos do
planejamento, diagnóstico, investimento em longo prazo, perspectiva,
intervenção, etc. Ao que temos testemunhado, até a presente data, os gestores que
se apresentaram na direção daquele órgão, têm, simplesmente, apelado para o
vício das explicações tautológicas- tentando explicar o inexplicável, trazendo
sofrimento ao povo e deixando a população da Amazônia – região que contém 20%
da água doce do planeta - sem o precioso líquido. Deste modo, imigramos de uma
situação irônica para uma tragédia total. Em pleno século XXI, indaga-se: onde
estão os modernos administradores do mundo globalizado? O Acre é o coração da
Amazônia, que hoje bate com pouca água (e pressão baixa), pela precariedade dos
serviços públicos aqui oferecidos, em especialmente, estes das redes de
telecomunicações que nos conectam com o resto do mundo.
Necessitamos de energia elétrica de
qualidade e provenientes de fontes ecologicamente viáveis, a preço justo. Também
precisamos de tecnologia que funcione! É imperativo pisar no solo do século
XXI.
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