O que é Educação Física?
Professora
Suzi - MEEF
EDUCAÇÃO FÍSICA HIGIENISTA
A Educação física Higienista é um produto
do pensamento liberal, principalmente no âmbito da escola, como “redentora da
humanidade”. É uma concepção particularmente forte nos anos finais do Império e
no período da Primeira República (1889-1930).
Nesta época ainda chamada de
Ginástica, a educação física tinha seu objetivo na ênfase da saúde em primeiro
plano. Para esta concepção, cumpre à Educação física um papel fundamental na
formação de corpos (homens e mulheres) sadios, fortes, dispostos à ação e
preocupados com o saneamento público, na busca de uma sociedade livre das
doenças infecciosas.
EDUCAÇÃO
FÍSICA MILITARISTA
A influência militarista na Educação
Física brasileira foi um elemento forte e duradouro. Em 1921, através de
decreto, impôs-se ao país como método oficial, o famoso “Regulamento n. 7”, ou”
Método do Exército Francês”. Em 1931,colocou a Educação Física como disciplina
obrigatória nos cursos secundários, assim, o “método Francês” foi estendido à
rede escolar. Em 1933 foi fundada a Escola de Educação Física do Exército, que
praticamente funcionou e coordenou o pensamento militarista durante as duas
décadas seguintes. Sua concepção era o “aperfeiçoamento da raça”, funcionando
como atividade de “aceleradora do processo de seleção natural”, e tinha como
princípios o homem adestrado e obediente.
A Educação física Militarista teve por
objetivo a obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta, a guerra.
Para isto, ela deveria ser suficientemente rígida.
EDUCAÇÃO FÍSICA PEDAGOGICISTA
A Educação Física Pedagogicista é,
pois, a concepção que vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a Educação
Física não somente como prática capaz de promover a saúde ou disciplinar a
juventude, mas ser uma prática eminentemente educativa.
Nesta concepção, os conteúdos e a
prática da educação física na escola instrui e educa o aprendiz, por ser um
instrumento capaz de levar a juventude a
aceitar as regras de convívio social e suas peculiaridades culturais,
físico-morfológicas e psicológicas.
Esta concepção ganha força
principalmente no período pós-guerra (1945-1964). O liberalismo subjacente à Educação
Física Pedagogicista está impregnado das teorias psicopedagógicas de DEWEY e da
sociologia de DURKHEIM.
Todavia, essa nova concepção inaugura
formas de pensamento que alteram a prática da Educação Física e a postura rija
e/ou higiênica do professor de Educação física. É, também, principalmente a
esta corrente que devemos a legalização e sobrevivência da educação física no
Brasil e no mundo.
EDUCAÇÃO FÍSICA COMPETITIVISTA
A partir dos anos 20 e 30, o desporto
de alto nível ganhou espaço no interior das sociedade brasileira e, consequentemente,
da Educação Física. Já nos anos 60-70, o desporto de alto nível fica subjugado
a Educação Física, tentando colocá-la
como mero apêndice de um projeto que privilegia o Treinamento Desportivo.
Assim como a Educação Física
Militarista, a Educação Física Competitivista também está a serviço de uma
hierarquização e elitização social, a partir de um conjunto de medidas. Seu
objetivo fundamental é a caracterização da competição e da superação individual
como valores fundamentais e desejados para uma sociedade moderna, na qual a Educação
Física volta-se para o culto do atleta-herói.
No âmbito da Educação física
Competitivista, a ginástica, o treinamento e os jogos recreativos... ficam submetidos
ao desporto de elite e de performance.
EDUCAÇÃO FÍSICA POPULAR
No final da Ditadura do Estado Novo,
veio à tona o Movimento Operário e Popular, formando assim, os Comitês
Populares Democráticos, preocupados com o sistema educacional e também com a
questão do lazer e da Educação Física, reivindicando do Poder Público, mais
escolas, quadras esportivas, jardim de infância e praças.
Ao contrário das concepções
anteriores, a Educação física Popular não revela uma produção teórica (livros,
períodos, teses, etc.), ela se sustenta quase que exclusivamente numa
“teorização” transmitida oralmente entre gerações de trabalhadores deste país. Todavia, é possível resgatar uma concepção de Educação
física que, veio historicamente se desenvolvendo com e contra as concepções
ligadas à ideologia dominante. A novidade é que a nova tendência não se
preocupa com a saúde publica -, pois esta questão esta ligada a organização
econômica e política do país - tampouco se preocupa em disciplinar “corpos” e,
muito menos, está voltada para busca de medalhas. Para a massa trabalhadora, a
tendência se reveste, antes de tudo, de ludicidade e cooperação, e aí o
desporte, a dança, a ginástica... assumem um papel de promotores da organização
e mobilidade da classe trabalhadora.
EDUCAÇÃO FÍSICA CRÍTICO SOCIAL
É curioso observar, que até a década
de 70, talvez por seu caráter aparentemente inócuo, a Educação Física não
encontrava oposição a perspectiva conservadora e utilitária que reveste suas
práticas. A aptidão física, a esportivização e a ideia de neutralidade política
da prática pedagógica eram o ideal inalienável da época.
A partir da década de 80, como vários
autores assinalam ( Bracht,1992; Coletivo de Autores, 1992; Castellani
Filho,1994; e outros), a educação Física passa por movimentos renovadores e é
nesse âmbito que se pode localizar a concepção conhecida por pedagogia
crítico-social.
Nessa perspectiva de Educação Física o
objetivo não é o aprimoramento das capacidades físicas ou o rendimento
esportivo, mas sim o de propiciar aos alunos a apropriação crítica da cultura corporal
historicamente produzida pela humanidade.
Dentro desta perspectiva, a Educação
Física se reestrutura como prática reflexiva, uma atividade capaz de olhar criticamente
à si própria no decorrer do seu desenvolvimento, além de enxergar, que os
conteúdos tradicionais da Educação Física também possuem uma história valorável.
O professor deve organizar o processo
educativo de tal modo a possibilitar ao aluno a apropriação da cultura
historicamente elaborada pela humanidade, ou seja, a Educação Física deverá
deixar de ser uma “prática cega”, para transformar-se num real complexo
educacional capaz de, efetivamente, desenvolver as tão proclamadas potencialidades
humanas.
O que é Educação Física?
À medida que o
corpo é disciplinado, a conduta humana está sendo disciplinada.
Você sabe o que é Educação Física? O
termo Educação Física remete à ideia de educar o físico. Mas o que isso
significa? Fortalecer a musculatura? Praticar esportes? Adquirir postura? Bem,
a Educação Física nasceu como uma disciplina cujo objetivo era disciplinar os
indivíduos a partir dos seus corpos. Ou seja: a Educação Física está
historicamente atrelada a um método de dominação do indivíduo.
Para melhor compreendermos como esse
processo acontece, é necessário recorrer a um conceito importante do filósofo
Michel Foucault: corpos dóceis. Segundo ele, a sociedade moderna (constituída a
partir das Revoluções Industrial e Francesa) foi marcada pelo êxodo rural e
consequentemente pelo inchaço de pessoas nas grandes cidades europeias. Dito de
maneira bastante simplificada, uma vez que as autoridades não tinham pessoas
suficientes para trabalhar, foi preciso desenvolver um método em que as pessoas
controlassem a si mesmas: a vigia. Trata-se de um mecanismo em que a pessoa se
sente vigiada constantemente e que, portanto, dificilmente fará algo que
contrarie as regras sociais. Um desses mecanismos é o controle do corpo: ora, à
medida que o corpo é disciplinado, sua conduta está sendo disciplinada. É
possível, portanto, entender que tornar o corpo dócil – ou disciplinado – já
foi um dos papéis fundamentais da Educação Física.
Hoje em dia as coisas mudaram. Há
alguns autores, como Medina, por exemplo, que afirmam que a Educação Física não
cuida apenas do corpo, mas antes de tudo da mente. A conotação atual do
conceito de Educação Física é a de que esta é uma área que trabalha não apenas
o corpo em movimento, mas que trabalha a partir do corpo em movimento.
Explicando: o objetivo dessa disciplina não é fazer com que as pessoas saibam
jogar basquete, mas sim que elas consigam vivenciar essa prática, compreender
sua origem, estruturar reflexões sobre o comércio envolvido nos materiais
esportivos, sobre a compra e venda de atletas, dentre outras coisas. É por isso
que Medina afirma que a Educação Física trabalha corpo e mente.
Outra coisa importante para
entendermos melhor a Educação Física é esclarecermos quais são os conteúdos que
devem ser ensinados na escola. Você sabe que os conteúdos de Matemática ou de
Língua Portuguesa são bem estruturados e deve saber dizer o que está aprendendo
nesse momento. Mas você sabe dizer se na sua aula de Educação Física isso
também acontece? Você está aprendendo alguma coisa nova nessa matéria? Há um
documento do governo federal chamado “Parâmetros Curriculares Nacionais” que
apresenta em blocos todos os conteúdos que o professor deve trabalhar ao longo
do ensino fundamental. Os blocos são:
1. Esportes, lutas, jogos e ginásticas
– Concentram-se neste bloco todos os esportes individuais ou coletivos, os
diversos tipos de lutas, jogos populares e/ou tradicionais e diferentes tipos
de ginásticas;
2. Atividades rítmicas e expressivas –
Localizam-se aqui os diferentes tipos de dança (popular, folclóricas,
clássicas, de salão e contemporânea), além de outras práticas que se utilizem
do corpo como meio expressivo, tal como o teatro;
3. Conhecimentos sobre o corpo – Este
bloco talvez seja o mais importante à medida que se relaciona com os outros
dois. Propõe que o professor trabalhe aspectos biológicos, anatômicos e sociais
referentes ao corpo, estimulando aulas teóricas em sala de aula.
Assim, é importante que você reflita
se o seu professor já propôs atividades diferentes como capoeira, dança
moderna, teatro ou corrida de obstáculos para a sua turma. Isso porque todos
esses conteúdos, essa diversidade de práticas corporais, fazem parte do
currículo escolar. Caso contrário, pergunte ao seu professor quando ele planeja
abordar atividades diferentes com vocês. Quem sabe sua sugestão ou curiosidade
não pode resultar em uma aula bem interessante!
Por Paula Rondinelli
Doutoranda em Integração da
América Latina pela Universidade de São Paulo – USP
CORAÇÃO DA AMAZÔNIA PARA DE BATER POR FALTA DE
ÁGUA
Prof.
Renã Leite Pontes
Basta
algum pecuarista, ao cavoucar um buraco para fincar um âmago de amarrar boi, ou
arar a terra para plantar capim - em qualquer das margens, ao longo dos
milhares de quilômetros da BR-364, que logo se rompe um cabo de fibra óptica e
pronto, voltamos ao início do século passado, um total isolamento. Instala-se a
situação recidivante, risível, fleumática na capital do Estado do Acre: a
região fica sem comunicação, a população isolada do mundo cibernético, um caos
para os habitantes, o comércio, as comunicações.
Não
bastasse o fato de a Internet riobranquense ostentar o nada garboso status de
pior Internet do Brasil, país que segundo estudo da Organização das Nações
Unidas – ONU, tem uma das piores redes de internet do Mundo, ficando atrás do
Quênia, Marrocos, Sri Lanka, Turquia e até do Vietnã. O citado estudo,
amplamente divulgado na mídia brasileira, ainda é taxativo em afirmar que a
internet brasileira é a mais cara dentre todos os paupérrimos países
supramencionados.
Na
véspera do fatídico 11 de setembro (2012), o mau funcionamento dos serviços essenciais
prestados aos nossos cidadãos, cumulou e a cidade teve um anoitecer difícil.
Enquanto os candidatos a sucessão municipal trocavam “farpas” e prometiam
melhorar a qualidade de vida da população, a energia elétrica caía mais do que
bêbado de muleta; sequer os telefones de emergência completavam as ligações da
operadora oi; os portões eletrônicos não funcionavam, forçando os motoristas a
estacionarem os seus carros na rua; também não funcionava a internet e, por
imposição da falta de luz, os aparelhos de TV e de ar condicionado.
Para
agravar o quadro acima exposto, com vários bairros da capital às escuras, os
citadinos, submetidos à sensação térmica de 40 graus, ouviram – quando restabeleceu-se
a luz – os dignitários do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco - SAERB
anunciarem na mídia televisiva, que nos próximos trinta
dias,
o órgão administrará o desabastecimento hídrico dos bairros altos da capital,
porque quebrou uma peça da - dizem eles - máquina de filtrar algas.
Procurando
entender as causa do nosso problema da falta d’água, líquido precioso e
essencial à qualidade de vida nas cidades, penso que seria edificante se a
SAERB respondesse o porquê de, desde a sua fundação em 1971, (a empresa
chamava-se SANACRE) seus gestores - incluída a gestão atual - ainda não haverem
alcançado planificar seu estoque de peças de reposição, bombas reservas e
diagnosticado quais os implementos de maior desgaste no coração do sistema de
abastecimento hídrico da capital. Isso é o planejamento mínimo que uma empresa
de serviços públicos deve fomentar.
Vamos
nos deter um pouco mais para avaliação da situação. Submeter a nossa população
a ficar sem (ou com pouquíssima) água, neste calor de setembro, por 30 dias,
por causa da falta de uma bomba d’agua, cano ou rolamento, tenha paciência!
Alguém pode explicar, mas não há quem entenda, em especialmente, nestes tempos
difíceis de mudanças climáticas, causadas pelo efeito antrópico.
Recordemos
que o acesso à água na Amazônia é uma compensação às pessoas daqui, pelos
incômodos causados pelo excesso de radiação solar e sufocante sensação térmica,
em uma área considerada por alguns estudiosos como Anecúmena (região que
oferece dificuldades e obstáculos naturais à sobrevivência humana: risco à
saúde, isolamento, calor, frio, umidade, seca).
Tenho
pensado, ainda, que a população de Rio Branco já merece ver na direção do
SAERB, diretores e técnicos que apliquem, com melhor rigor científico, os
pressupostos modernos do planejamento, diagnóstico, investimento em longo
prazo, perspectiva, intervenção, etc. Ao que temos
testemunhado,
até a presente data, os gestores que se apresentaram na direção daquele órgão,
têm, simplesmente, apelado para o vício das explicações tautológicas - tentando
explicar o inexplicável, trazendo sofrimento ao povo e deixando a população da
Amazônia – região que contém 20% da água doce do planeta - sem o precioso
líquido. Deste modo, imigramos de uma situação irônica para uma tragédia total.
Em pleno século XXI, indaga-se: onde estão os modernos administradores do mundo
globalizado? O Acre é o coração da Amazônia, que hoje bate com pouca água (e
pressão baixa), pela precariedade dos serviços públicos aqui oferecidos, em
especialmente, estes das redes de telecomunicações que nos conectam com o resto
do mundo.
Necessitamos
de energia elétrica de qualidade e provenientes de fontes ecologicamente
viáveis, a preço justo. Também precisamos de tecnologia que funcione! É
imperativo pisarmos no solo do século XXI.
http://www.avspe.org/index.php?pg=mtexto&idt=1225&ttt=Cr%F4nicas%20para%20a%20mem%F3ria
COMENTÁRIOS
Título do Comentário: Indignação
Escrito
por: Angela Alencar em 15/09/2012 19:29:43
Prezado
professor Renã,
Você
como sempre sabendo utilizar as palavras com muita classe e elegância e tendo
um senso crítico apurado com relação aos problemas de nosso cotidiano. Estas
questões, por incrível que possa parecer, já fazem parte do nosso cotidiano. Mas,
que bom que alguns não ficam calados diante destes fatos. Você está certo em se
mostrar indignado diante desta situação e acho até que deveria publicar esta
matéria, não só neste site, mas em jornais de circulação no Acre, porque seus
textos são muito bons e importantes.
Título do Comentário: Pertinente essa crítica.
Escrito
por: Luisa Lessa Karlberg em 14/09/2012 10:31:39
O
escritor Renã Pontes retrata bem a situação do Acre que, em pleno século XXI,
recebe, do poder público e outras empresas, serviços de péssima qualidade, num
total desrespeito à população generosa e carinhosa do Estado. É inexplicável,
por exemplo, a cidade de Rio Branco sofrer desabastecimento hídrico porque
bombas de sucção queimam. Afinal, há indústrias que vendem bombas, elas não
foram fabricadas para funcionamento ad eternum. Também, não há justificativas para
isolar o Acre do mundo alegando vento, chuva, plantação de roçados, etc. Essas
desculpas são uma escancarada vergonha. Parabéns, poeta, continue a nos brindar
com seus textos.
Luisa
Lessa Karlberg É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de
Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário