Análise sob olhar
da apreciação científica do livro acreano "Diálogos (An) Versos" do
poeta Renã Leite Pontes.
International
Writers and Artists Association - IWA
Por
Terezinka Pereira, Pres, Toledo, OH - USA
_________________________________________________________
A
imaginação mais do que tudo define para o leitor a poesia e a prosa do escritor
do Acre Renã Leite Pontes. Desde o título do seu livro “Diálogos (An) Versos*” a
ilustração da capa feita por Esdon Pergentino e Jorge Rivasplata, estamos
diante de uma obra original ao próprio pé da palavra. Embora pareça tudo
absurdo, tudo é muito significativo.
Os versos (seriam versos?) que abrem o livro
dizem:
Dizem que a poesia
é barco furado ,
mas o poeta
quando tem uma fada,
vive de nada,
atravessa a nado.
(Recorte da poesia “Ainda que Seja Tarde” de Renã
Leite Pontes)
Esse
“Dizem” propõe autor anônimo para não aparentar autoridade, mas a rima bem
controlada é a marca do poeta, que se disfarça por modéstia. Eu conhecia uma citação ao contrário desta, e
que me parece mais respeitosa para com a poesia. É a da Ilma Fontes, editora de
O CAPITAL, que diz: “A poesia é o
pau que boia quando a razão naufraga “. Isto
é mais favorável à poesia.
Um
dos textos mais destacáveis desse livro é o intitulado “A Morte do Poeta”,
dedicado “às mães, cujos ouvidos não têm ouvido poesia...”. É a história de um
poeta que na hora de morrer recitou uns versos para a sua mãe morta. O
narrador, que assistia isso, ao ver a morte já pronta para agarrar mais uma
vítima, confessa:
Na ocasião, atônito, fiquei pensando: - a
desapiedada está achando que estas moribundas palavras de ode e anseio poético
são dirigidas para ela... (p. 213).
A
figura da morte de maneira tradicional, com a sua “enorme ferramenta” mortífera
, parando para ouvir os versos é muito poderosa, causando emoção em qualquer
leitor. O narrador, por sua vez se propõe a criticar a estrutura do poema que
recita o poeta moribundo, termina por considerá-lo “belíssimo”. E o final do
conto, outra surpresa: o poeta morreu voluntariamente, antes que a morte o
matasse!
O
absurdo compartilha bem seus pontos com a imaginação , que na maior parte das
vezes domina o espírito criador da prosa de ficção e da poesia. O autor de “Diálogos (An) Versos” não desmente isso.
Em sua criação literária o delírio ultrapassa toda a razão.
Entretanto
há algumas tentativas de realidade, como em outro texto intitulado “Só Deus
Contabiliza”, também sobre a morte , que começa com este comentário:
São gravíssimas as piedades macabras das pessoas ,
para com quem lhes deu a vida e agora já estão nas últimas voltas do “caracol
da existência”...
E
poucas linhas abaixo explica a razão desse comentário:
Quando os pais estão velhos, quase todos os filhos
ficam pedindo a Deu (baixinho e em pensamentos) para que seus pais morram logo
e parem de dar trabalho. Pasmem! (p. 147).
Embora
a rima na poesia provoque ainda mais o absurdo que o explique, vamos encontrar
nos versos do poema “Vai!” um pouco de explicação do ser do poeta , de sua
personalidade e até certo ponto de sua obsessão pela morte.
Se queres me encontrar
Não me procures
Onde haja aglomerações
Antes, busca-me onde haja dores
E contumazes dilacerações.
Se te chegar a hora fatigada
E tomes-me por louco ou absorto.
Deixa-me! Sorrir não mais pretendo!
Porque depois daquela madrugada,
Em cada pai que existe eu vejo um morto.
Uma sombra que ri e vai... morrendo.
(p. 71)
Deve
ser por isso que o escrito colombiano Gabriel García Márquez dizia: “Cedo ou
tarde, a realidade termina por dar a razão à imaginação.” Mas a estrutura
formal dos versos de Renã Leite Pontes, mostra que ele tem a predileção pela
poesia metrificada, imitando a clássica. Ele declara na orelha do livro: “Eu
nasci estudante porque sempre gostei dos livros... e admiro o conhecimento (...)
escrevi a coletânea de poemas e prosa poética que constam neste livro, que é
fruto da dedicação que tenho dispensado à literatura e a Poesia.”.
*Pontes,
Renã Leite: Diálogos (An) Versos. Belém:
Paka-Tatu Editora, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário